sábado, 9 de março de 2013

O concerto de Aranjuez - Por Jorge Sader Filho

 
O concerto de Aranjuez - Por Jorge Sader Filho 
 
A fantasiosa alma do povo, que caracteriza os mais diversos grandes grupos existentes na Terra, além de interessante é contraditória: existem várias interpretações para um fato determinado.

Todas as artes são fruto da mais dignificante expressão humana, mas a música parece levar uma vantagem sobre todas as outras. Pelo menos para mim, parece.

Contam que Joaquim Rodrigo, o violonista flamengo admirado por todos, perdeu um filho moço, de muito pouca idade. Sua mulher ficou desesperada, não comia, não dormia direito, só fazia chorar. Na verdade, mãe nenhuma deveria perder um filho, especialmente quando ele é um menino que começa a dar os primeiros passos em direção ao seu estágio mais compreensivo da Vida. Ninguém duvida disso.

Joaquim, como pai e bom marido, preocupava-se com a esposa e sentia a dor da perda. Sofria duas vezes.

Procurou por várias formas consolar a mulher, e com este ato estava procurando alívio para si também. Quem disse que só as mães sofrem a perda de um filho? Não conseguia nem confortar a mãe desesperada, nem mitigar seu sofrimento.

Perdido, totalmente sem rumo e incapaz de enfrentar uma situação tão adversa, Rodrigo passou a meditar como seria possível sair desta situação triste, doída, sofrida, malvada e perversa. Sua mulher era a principal preocupação, poderia passar à insanidade a qualquer momento.

Os músicos são privilegiados. Costumam chorar suas dores e lamentos usando suas armas. Os instrumentos falam!
 
 
 
 
 


 

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