Os pinta-santos algarvios
Os pinta-santos ou faz-santos algarvios surgiram no século XIX. O seu objectivo era reproduzir as imagens feitas pelos imaginários, sobretudo, o Menino Jesus e o Jesus crucificado, no Algarve, chamado Pai do Céu. Até à primeira metade do século XX, os pinta-santos, artesãos populares, alimentaram, com as figuras que criavam, a piedade do povo.
Os pinta-santos exerciam a profissão de abegão ou carpinteiro; outros eram camponeses e marítimos. Durante o Inverno, dada a impossibilidade de ganhar a vida, ocupavam o tempo fazendo as tradicionais imagens do Menino Jesus, do Pai do Céu e do Santo António. Outros já não trabalhavam, devido à idade avançada, mas entretinham-se a fazer estas figuras para oferecer a familiares e amigos.
Tavira foi, outrora, um grande centro de pinta-santos, sendo que a maior parte destes artesão se concentravam na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo. Alguns desses pinta-santos popularizaram-se como foi o caso de José Martins Murteira, Faustino José Bernardo e Ventura das Neves, no entanto, grande parte dos pinta-santos algarvios ficaram no anonimato.
As figuras construídas pelos pinta-santos têm todas elas uma ou outra particularidade que vai de encontro com o imaginário dos seus criadores, contudo quase todos colocam o Menino em cima de uma peanha formada por uma pequena escadaria ou trono. Observando as figuras podemos também constatar a pobreza de meios, sendo pelas tintas utilizadas ou pela sóbria decoração. Os pinta-santos trabalhavam para os devotos do povo, que tinham em suas casas figuras construídas por eles, enquanto que as famílias mais abastadas possuíam imagens vindas de fora.
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