quinta-feira, 28 de março de 2013

Blogue Alcoutim Livre - José Varzeano - O mestre azeiteiro (fazedor de azeite) - Escreve António Afonso

 
Blogue Alcoutim Livre - José Varzeano - O mestre azeiteiro (fazedor de azeite) - Escreve António Afonso
 
No Nordeste Algarvio a oliveira era uma árvore quase sagrada! Tal como na Grécia Antiga, pois, no perímetro da Acrópole sempre existiu e existe, um exemplar desta espécie. Há fortes razões para o Homem lhe dedicar tanta estima. Ela lhe concede sombra, alguma lenha, as azeitonas, que serão preparadas, de conserva, britadas, retalhadas, pisadas sempre presentes na mesa do Alcoutenejo; além disso, da transformação dos seus frutos se extrai o precioso azeite, utilizado na culinária, outrora alimentava as candeias, servia para oferecer a quem não o tivesse de colheita e ainda como oferenda à Senhora das Candeias ou à Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Freguesia.
 
Paralelo com esta árvore só encontrei em Africa, certo dia, um nativo em Moçambique me confessou que o Coqueiro é para nós a árvore de Deus! Porque dela tudo aproveitamos, a sombra, as folhas que cobrem as nossas casas, a madeira para vários fins, os frutos tão importantes para a nossa alimentação e não só.
 
Nós tínhamos algumas oliveiras centenárias herdadas dos nossos avós, o meu pai sempre que encontrava um zambujo, logo procedia á enxertia, caso obtivesse sucesso, na época própria o transplantava para local definitivo; passados alguns anos já dava frutos, mas continuava a ser designado por  «oliveiro» até ser de maior idade.
 
A Terra gira nos seus movimentos de rotação e translação, o tempo passa, deixando a sua marca, quer nas pessoas, quer nos seus modos de vida.
 
Nos últimos cem anos, muitas profissões existentes no meu concelho, algumas nem conheci, desapareceram simplesmente e outras estão em risco disso. Irei enumerar umas quantas:
o alvetário (profissional que tratava os animais),
o vedor (profissional que indicava o local onde existia água no subsolo),
albardeiro, o sapateiro, o azeiteiro, o latoeiro, o retratista, o dentista ambulante, o capador, o roupeiro, o maioral «zagal», ferrador, o ferreiro, o oleiro, o almocreve, o ganhão, o limpador, a tecedeira, a boleira, a caiadora, a costureira, a ceifeira, o cesteiro, o tendeiro, o vendedores ambulantes (o ti Januário, o ti Zé Guerreiro, o ti Feliciano o ti Pano Cru), moleiro, o endireita, o cesteiro, o pedreiro de pedra solta, etc.
 
 
 
 

 

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