domingo, 17 de março de 2013

Autosuficiência - Por Marcelo Pirajá Sguassábia

 
Autosuficiência - Por Marcelo Pirajá Sguassábia 
 
Ele mantém sua própria horta e um pomar variado, com galhos que vergam ao peso dos frutos.
 Segue à risca a recomendação nutricional de consumir frutas, verduras e legumes crus, para extrair o máximo de suas vitaminas, proteínas, fibras e sais minerais.
 
Por só comer alimentos in natura, não precisa de gás de cozinha. A água quente para os banhos de inverno é providenciada com um ou outro toco de lenha e uma caixa de fósforos (que dura décadas, tão poucos são os dias frios).
 
A horta e o pomar são adubados com o seu excremento, o que a muitos pode parecer uma indireta e bucólica forma de autofagia.
 
Faz uma hora e meia por dia de bicicleta ergométrica, ligada a um acumulador de energia. A força gerada pelas pedaladas produz eletricidade mais do que suficiente para que funcionem luzes, chuveiro e eletrodomésticos da casa.
 
O ganho de saúde com a bicicleta mantém sua boa disposição e o livra de idas ao médico, mensalidades de planos de saúde e despesas com remédios.
 
Uma nascente de água quase na divisa da propriedade supre suas necessidades potáveis e movimenta um monjolo que faz fubá, em tempos de milho, e farinha, quando é época de mandioca.
 
Não tem carro, porque a rigor não é requisitado em lugar algum, sob hipótese nenhuma, já que não depende de ninguém e ninguém dá pela sua falta.
 
O Imposto Territorial Rural, de valor ínfimo, é pago anualmente com o excedente do fubá e da farinha de mandioca, vendido aos vizinhos. E é a única ocasião em que suja as mãos pegando em dinheiro. Mas logo livra-se dele na boca do caixa, ao recolher o tributo.
 
 
 
 
 

 
 

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