sábado, 9 de fevereiro de 2013

Poemas de Liliana Josué - Expressão gestual - Imaculada Bochecha - Remoinho - TERAPIA (Texto)

 
Poemas de Liliana Josué - Expressão gestual - Imaculada Bochecha - Remoinho - TERAPIA (Texto)
 
Expressão gestual
 
 Presta bem muita atenção
 aos gestos da minha mão
 ela desenha tensões
 decoradas de emoções.
 No teu corpo transpirado
 sente o amor revigorado.
 
Imaculada Bochecha
 
Naquela face cândida e nívea
 onde a suavidade dos contornos
 lembram doces asitas de ave vítrea
 dum encantamento sem adornos
 um despudorado beijo caiu
 ruborizando o pomo que o sentiu.

O cristalina face, imaculada
 não deixes que os abutres te consumam
 protege essa bochecha tão prendada
 onde só pequenos anjos se afundam.
 Resguarda essas maçãs tão sumarentas
 de bocas pérfidas e peçonhentas.
 
Remoinho
 
Vulcões alastram pela boca do mundo.
 Remoinhos de negro fumo
 sobem em espiral a caminho
 do céu estéril.
 Bailarinas sem talento dançam
 ao som do remoinho de vozes.
 O anormal bate palmas num remoinho
 infernal.
 Cabelos embranquecem em remoinhos
 pedindo que os alindem.
 Cães brigam num remoinho
 de raiva salivando rosnadelas.
 Gatos assanham-se num remoinho
 de pelo atirando-se às noitadas.
 Lábios buscam-se num remoinho
 de angústia.
 
TERAPIA
 
 A poesia é o processo catártico onde cada um desenrola o novelo da sua existência, mesmo sendo apresentada na segunda ou terceira pessoa.
 Ela desfruta do papel onde é impressa tudo o que pode, expandindo-se, sentindo nele o seu terapeuta.
 As imagens correm soltas na sua fantasia, como seres sem lógica ou constância; espécies estranhas, estrangeiras ou mesmo sombras errantes; populantes, aparentemente exteriores a si. Entranham-se de forma violenta ou adocicada no papel, ficando assim, a poesia a flutuar nesta imaginação real.
 
 
 
 
 

 

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