BATUQUE MUKONGO - Poema 17 do Livro Batuque Mukongo de Manuel Fragata de Morais
Chegada a hora parti
do verde Cazengo
subi os morros do futuro
já longe do meu quarto onde as manhãs
suplicavam nos dentes do meu avô
e reconstruíam o viveiro dos pássaros
as casas toscas dos macacos
o cantarolar de minha mãe
sobrepondo-se ao longínquo ruído
das máquinas do café junto ao secador
onde os meus pés
eram repasto das matacanhas
almoço dos mauindo
jantar das ovitakaia
naquela doce dor do coça-coça
que só acabava com o perfurar do saco
pela agulha mestra na mão de minha mãe
da lavadeira
ou qualquer outra mais velha
que me xingava
com longos muxoxos
a cheirar a tabaco
filho do branco com matacanh’ééé
não tem vergonha não tem vergonh’ééé
o mona yá mundele
não tem matacanha uevu
não podia ser africano
do verde Cazengo
subi os morros do futuro
já longe do meu quarto onde as manhãs
suplicavam nos dentes do meu avô
e reconstruíam o viveiro dos pássaros
as casas toscas dos macacos
o cantarolar de minha mãe
sobrepondo-se ao longínquo ruído
das máquinas do café junto ao secador
onde os meus pés
eram repasto das matacanhas
almoço dos mauindo
jantar das ovitakaia
naquela doce dor do coça-coça
que só acabava com o perfurar do saco
pela agulha mestra na mão de minha mãe
da lavadeira
ou qualquer outra mais velha
que me xingava
com longos muxoxos
a cheirar a tabaco
filho do branco com matacanh’ééé
não tem vergonha não tem vergonh’ééé
o mona yá mundele
não tem matacanha uevu
não podia ser africano
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