OS VENCIDOS DA VIDA - Por Mário Henrique Matta e Silva
Deslumbrado por cada crepúsculo que vivo faço as minhas jornadas, descobrindo, aqui e além, motivos de exaltação dos estigmas sociais que nos perseguem, alimentados por insanáveis perturbações da vida publica, no meio intelectual, de cada tempo, de cada geração, de cada ensombrada excitação popular.
Na jornada crepuscular de hoje vou recuar mais de um século para lembrar vibrações de um tempo ingrato de outras convulsões politicas, económicas e sociais, que nos fizeram sentir o estertor da Monarquia, já decadente e atribulada, mas onde uma burguesia intelectual se assume, radiosa e fértil (mesmo que reclamando a titularidade) mas ansiosa de poder.
Ao fim de cada tarde, os raios crepusculares apontam-me agora o longínquo ano de 1888, em que Oliveira Martins designa o «grupo jantante» de intelectuais «OS VENCIDOS DA VIDA».
Juntando-se em «jantares tertúlia», quer no Café Tavares como no Hotel Bragança, em Lisboa, lá estavam os que haviam de seguir a Geração de 70, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão (o mentor do grupo) Guerra Junqueiro, António Cândido, Eça de Queirós, Marquês de Soveral, Conde de Ficalho… matraqueando as felicidades e as tristezas da vida, de um País dividido, em assomos partidários, entre republicanos, socialistas, conservadores, rotativistas, monárquicos… em cavalgada ruidosa para a mudança, para a revolução, para o desentendimento total (até ao regicídio de 1908 e à Republica, 1910).
As Conferências do Casino (em que alguns haviam participado) tinha sido já pronuncio de novas ideias e novas sementes deitadas ao solo Pátrio, depois assaltado pelo Ultimato Inglês e pela reacção do Monarca, D. Carlos, para com a Inglaterra.
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