domingo, 24 de fevereiro de 2013

JORNADA CREPUSCULAR - POR: DR. MARIO MATTA E SILVA - O FADO COMO CANTAR DO POVO

 
JORNADA CREPUSCULAR - POR: DR. MARIO MATTA E SILVA - O FADO COMO CANTAR DO POVO
 
Nas jornadas em que se homenageia Amália Rodrigues, não há crepúsculo que não traga as assimilações que ao longo dos anos o povo recolheu, nas três vertentes que o velho regime do Estado Novo desenvolveu e que hoje ainda se evidencia de forma acentuada: Fado, Fátima e Futebol.
 
Nestas formas em que as multidões sabem vibrar e assimilar o que é bem português, ainda hoje, em plena democracia, se vive com entusiasmo e emoção. Quanto ao Fado, as audiências e os aplausos mantêm-se acesos e vivos, com caras e vozes novas que a morte de Amália fez iluminar num vislumbre internacionalizado e por isso, transportado a todos os continentes do planeta.
 
Vejamos, o que nos diz de Amália, em poucas linhas, Fernando Dacosta, numa obra literária exemplar, da qual aconselho a leitura, com o título OS MAL AMADOS.
 
«A facilidade com que, adolescente ainda, dominou o fado desde os tugúrios gordurosos de Lisboa, aos palcos acanhados do País, fê-la ambicionar mais. Compreendendo-lhe a originalidade (nada existia de parecido na musica internacional), sentindo-lhe a hipnose (o fascínio dos que o ouviam era flagrante), Amália comete a ousadia de encená-lo com outras (novas) vestes, espaços, conteúdos, expressividades, sonoridades.
 
Dilatando-o, eleva-o – pela postura (adejante) do corpo e pela palavra (superior) que lhe imprime – a alturas de incenso. A dolente «Canção de Lisboa» tem, vislumbra-a e assume-a, uma arquitectura de centelha operática incomum.»
 
Nos populares caminhos da Severa expande Amália as dolorosas letras de muitos autores de nomeada portugueses, que arrastando seguidores, admiradores, fãs de toda a ordem, se impõe durante décadas como a grande fadista que encarna um Portugal amargurado, dorido, exausto, mas que na sua voz o transforma num brilho misterioso e altivo por esse mundo além.
 
 
 
 
 

 

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