sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

FARPAS DE SEMPRE - Por Mário Henrique Matta e Silva - Ruínas

 
FARPAS DE SEMPRE - Por Mário Henrique Matta e Silva - Ruínas
 
Quem vê hoje, de fora, este nosso pequeno País, não mais se lembra (talvez para não se ser estupidamente acusado de saudosista) que ele, com os seus 848 quilómetros de Costa, se aventurou pelos grandes mares e espalhou Colónias pelos quatro Continentes!
 
Que glórias ficaram? Alguns afirmam que não muitas mas a História contará o que um País fez de mal e fez de bem. O que se destruiu e o que se construiu.
O que se deixou e o que se não deixou para os que vieram construir novos países e novos caminhos…
 
Mas as ruínas de um passado ainda latente e de uma alvorada ainda deslumbrante, encontrei-as nas páginas sábias e bem construídas de Miguel Sousa Tavares, no grande livro de viagens SUL.
«(…) O meu fascínio (pelas ruínas) consiste apenas em ver e imaginar. Não tento compreender e, menos ainda, julgar: sei que mataram, que estropiaram, que escravizaram, que maltrataram.
 
Sei que não há nada de grandioso ou de louvável em tantas dessas vidas sepultadas nos cemitérios do Império. Mas, todavia, não julgo.
 
Porque eles estão mortos e eu ainda vivo, sem dúvida. Mas também porque é uma insuportável arrogância moral julgar a História com a vantagem do tempo.
 
Limito-me assim a olhar os sinais da sua passagem, a imaginar o que de sonhos, ilusões e saudades incontáveis está sepultado nas ruínas das casas onde eles viveram, na cova que os seus passos marcaram na pedra das lajes, séculos a fio, no mesmo mar (será o mesmo?), nas mesmas estrelas, que tantos dias e tantas noites olharam, sem terem, como eu, um avião com dia e hora certos para os levar de volta a casa».
 
Tais afirmações do «nada de grandioso ou de louvável» valem o que valem, pois ele faz bem em remeter para o juízo histórico, logo, para os testemunhos que ficaram e para os investigadores que virão.
 
 
 
 
 

 

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