domingo, 17 de fevereiro de 2013

Jornal Raizonline nº 210 de 18 de Fevereiro de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (XXXI)- A permuta de ilusões

 
Jornal Raizonline nº 210 de 18 de Fevereiro de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (XXXI)- A permuta de ilusões
 
Os portugueses são conhecidos em Portugal através de um chavão secular que se tem mantido contra todos os ventos, todos os adamastores e todas as marés: de uma forma geral não acreditam no seu país, diz-se e quando as coisas correm menos bem passam pura e simplesmente as fronteiras e vão para um outro país onde, alegadamente, as condições são melhores. Aliás são sempre melhores mesmo que sejam piores, no seu sentido mais profundo, porque são diferentes.
 
Antero de Quental, a quem tomo a liberdade de pedir emprestadas estas palavras que se seguem dizia:
«O que realmente fomos; nulos, graças à monarquia aristocrática!
 Essa monarquia, acostumando o povo a servir, habituando-o à inércia de quem espera tudo de cima, obliterou o sentimento instintivo da liberdade, quebrou a energia das vontades, adormeceu a iniciativa; quando mais tarde lhe deram a liberdade, não a compreendeu; ainda hoje a não compreende, nem sabe usar dela.
As revoluções podem chamar por ele, sacudi-lo com força: continua dormindo sempre o seu sono secular!» (in Causas da Decadência dos Povos Peninsulares , III)
 
O português, nas palavras de Jaime Cortesão, quando se trata de erguer o seu país revela uma enorme indolência. «O nosso grande mal é uma doença da vontade cujos sintomas se chamam o desalento, o pessimismo, o abandono fatalista, uma inerte cobardia e a falta de confiança no esforço próprio» (cf. J.C., Da Renascença Portuguesa e seus Intuitos, A Aguia. 1912 ).
 
Ainda, e continuando esta saga de depressivas citações: «Os portugueses sempre procuraram fora do seu país a solução para os seus problemas internos. Como notou António José Saraiva, em vez de se empenharem em desenvolver Portugal, preferiram investir em expedições, conquistas além-mar ou mesmo na emigração. Ora, à medida que prosseguiram nesta prática foram-se tornando cada vez mais pobres e dependentes do exterior.» Carlos Fontes In Lusotopia.
 
 
 
 

 

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