Pássaro ferido - Texto de Arlete Deretti Fernandes
«Quando você por fim voltar à sua cidade natal, vai descobrir que não sentiu a falta de sua casa, mas sim de sua infância». (Sam Ewing)
Eles foram amigos de infância em uma pequena cidade do interior. Tinham em comum a vinda de suas famílias da Itália, no tempo da emigração. Eram vizinhos. Correram juntos atrás de pássaros, de borboletas, de cabritos e de pirilampos, estes bichinhos mágicos com suas lanterninhas acesas.
Gostavam de espantar os frangos para vê-los espalharem-se cacarejando e soltando penas para todos os lados. Procuravam ninhos de galinha de angola nos morros, sempre recheados de ovos.
Por muito tempo não souberam o que era calçar um sapato. Tempos bons, em contato com a Natureza. Brinquedos infantis, não existiam para comprar. Tinham que usar da própria criatividade para construir um carrinho, que para eles era a coisa mais linda. Saiam a correr imitando os sons de um automóvel.
Passados alguns anos, os pais os encaminharam para um seminário. Iriam ser padres. Um deles tornou-se uma alta autoridade eclesiástica. O outro, preferiu casar-se e foi um honrado pai de família.
Em algumas ocasiões, visitavam-se. Suas conversas versavam sobre a igreja, as famílias, a infância feliz que viveram juntos, as vocações religiosas. A política do Vaticano, brevemente alçaria o clérigo a um cargo cobiçado muito importante.
O dueto de amigos, em uma de suas lembranças cómicas da infância recordou de um banho de rio. Ambos voltavam da escola para suas casas, em um belíssimo dia de verão. No meio do caminho resolveram banhar-se numa cachoeira, que estava convidativa e deliciosa, com suas águas frescas a correr em meio às pedras e a mata verdejante.
Sem comentários:
Enviar um comentário