A lei não mata a sede (nem ajuda a esquecer) - Por Leocardo: Blogue Bairro do Oriente
Está em Portugal a sair a nova lei do álcool, que causou alguma controvérsia por distinguir o vinho e a cerveja das bebidas espirituosas.
De acordo com o novo diploma, um jovem com menos de 18 anos não pode consumir bebidas espirituosas, mas a partir dos 16 pode consumir vinho ou cerveja.
As únicas alterações de monta prendem-se sobretudo com o horário de venda de bebidas alcoólicas, que fica assim limitado a clubes nocturnos, aeroportos e outros estabelecimentos licenciados entre a meia-noite e as oito da manhã. Pouco mais que isso. Na elaboração da lei foram ponderados factores como as estatísticas e a tradição – e ambas dizem que somos um país de bêbados.
Ao contrário dos países mais civilizados onde o consumo de álcool por menores é visto como sinal de decadência e em alguns casos associado às camadas mais pobres e menos educadas da sociedade, em Portugal sempre existiu uma grande flexibilidade – e bebamos mais um copo para comemorar.
Não é nem nunca foi fácil a um jovem de 10 ou 11 anos chegar a um supermercado e comprar uma garrafa de whisky ou de vodka, mas a coisa muda de figura quando se trata de uma garrafa de vinho ou uma litrosa de cerveja, nem que seja com o pretexto de estar a fazer um recado ao pai.
Eu próprio ia deste tenra ao supermercado entregar o vasilhame e levar uma grade de Sagres para casa e nunca sequer fui olhado com desconfiança. Num país de brandos costumes como o nosso, é comum um menor entrar numa farmácia e comprar preservativos, ou num clube de vídeo e alugar um filme pornográfico. Se lhe perguntarem é só dizer «é pró meu pai», e fica o problema resolvido.
Quando estudava no Liceu existiam à volta da escola vários cafés, tascas e restaurantes que os alunos frequentavam, e nunca vi os proprietários recusarem servir bebidas alcoólicas aos estudantes, mesmo os menores de 16 anos.
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