domingo, 24 de fevereiro de 2013

EDUCAR O VER - Crónica de João Manuel Brito Sousa

 
EDUCAR O VER - Crónica de João Manuel Brito Sousa
 
Visitar a cidade de Faro, é, num certo sentido, a mesma coisa, salvo as devidas proporções, que visitar um museu. Os Farenses são, digamos assim, os guardas do museu, porque conhecem como as suas mãos a sua própria cidade.
 
E nós, que acabamos de chegar, somos os visitantes ou turistas.
E é nesta perspectiva, que o titulo desta crónica talvez tenha cabimento, porquanto, é preciso saber olhar, saber ler o movimento da cidade, saber escutá-la, saber dizer bom dia, com um sorriso se possível.
 
E é nesta preparação que se encaixa a expressão «educar o ver», porque, penso já ter acontecido a todos, passar por uma rua cem vezes e só à centésima vez repararmos numa argola que está na parede, num cata-vento que está lá em cima, numa batente que está numa porta, enfim tanta coisa que não vimos ou que não tínhamos visto ainda.
 
Um turista, disse ao pé de mim, numa cidade que não Faro, a seguinte frase: «Aqui há passado». Olhou com o ver educado. E é assim, quem se interessa pelas coisas… com significado. Para as cidades, o passado é a sua riqueza, enquanto para o homem, o passado já foi, o que interessa é o agora. Teixeira de Pascoaes, o poeta de Maranus, disse até: «Tenho Saudades do Futuro». Como quem diz, vem depressa amanhã.
 
 
 
 
 

 
 

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