VELHO! Velho é a mãe ! - Crónica de José Pedreira da Cruz (Tico Cruz)
Meus cabelos esbranquiçados me conduziram ao topo de uma situação dantes inimaginável. Inesperadamente passei a ser um velho, um velhote prematuro.
Tinha saído de uma consulta radiológica e acabado de ouvir garbosos elogios, tais como: você está em forma, rapaz! Seu coração é de criança, sua pressão arterial é invejável e... etc., etc., etc. Pra que melhor? – disse o doutor entregando-me um envelope, enquanto eu sorria fartamente satisfeito.
Fiquei radiante, de alto astral e de moral elevada, e fui correndo ao ponto do ônibus abarrotado de felicidade com um envelope na mão. Entrei no primeiro que parou e, não tendo onde sentar fiquei de pé.
– Senhor, por favor, sente-se aqui no meu lugar! – disse um jovem abordando-me, enquanto, com certa dificuldade tentava levantar-se de um banco onde um aviso acima explicitava : «RESERVADO
PARA IDOSOS, GESTANTES E DEFICIENTES».
Espantado com aquele tipo de cordialidade que pela primeira vez eu recebia, preferi agradecer, assim respondendo-lhe:
– Muito obrigado meu jovem! Estou bem! Desço logo!
O ônibus corria macio e meus cabelos se alvoroçavam na brisa suave que adentrava pela janela e, assim como eu, todos a bordo miravam pela vidraça a cidade que parecia se deslocar para traz freneticamente enlouquecida.
Cinco minutos depois...
– Senhor – alguém me cutucou nas costas –, sente-se aqui!
Virei a cabeça e me deparei com uma bela adolescente que, já comovida, levantava-se do banco à minha frente e eu lhe devolvi com a mesma cordialidade de antes:
– Muito obrigado, querida! Já vou descer!
Leia este tema completo a partir de 19 de Agosto carregando aqui.
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