sexta-feira, 9 de agosto de 2013

AS DEBULHAS - Por José Francisco Colaço Guerreiro - Recolhido em Património

 
AS DEBULHAS - Por José Francisco Colaço Guerreiro - Recolhido em Património
 
Em volta dos montes e de roda das vilas, buscavam-se lugares planos, com o terreno firme, de preferência rochoso ,onde se faziam as eiras. As primeiras eram de planta circular , maiores ou menores ,conforme a abastança e o tamanho da corda que prendia as bestas, forçadas a andar de roda vezes sem fim para pisar o cereal, a fava e o grão por descascabulhar.
 
Se as estrumeiras medravam perto das arramadas e das cavalariças, chamadas «casinhas», mesmo juntinho ao casario e para onde desembocavam duas aberturas feitas nas paredes, as eiras, ao contrário, iam-se moldando ,marcando no chão de ano para ano, arredadas da porta .
 
Tinham de ficar em sitio descampado por mor de apanharem bem o vento e com a orientação devida , para não encherem as casas de palhuço quando as forquilhas de pau se levantavam ritmadas, oferecendo a colheita à maré.
 
Assim, foi durante séculos, mas assim só é ainda, nalgum ponto mais recuado da serra, onde as máquinas se temem a entrar e donde os viventes se recusam a sair.
 
Depois das debulhas feitas à custa de braço e pateada, entrou em cena a tecnologia. Surgiram as primeiras máquinas debulhadoras movidas à força do vapor, verdadeiros encantos de potência e desembaraço que pelo modo como aliviaram a faina, ganharam a simpatia das gentes. Eram miradas na passagem e admiradas no desempenho.
 
Tornaram-se vultos de ferro e simpatia , motivos de admiração e de algum afeto, a pontos de serem designadas por um nome próprio . Era a «pintassilga». Era a «caminheira». Eram outras mais que de caldeira acesa percorriam as eiras das freguesias.
 
Anos depois, vieram as debulhadoras fixas mais ligeiras, de cor amarela no seu tabuado.
 
 
 
 
 
 
 

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