segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Migrantes e emigrantes - Escreve: António Afonso

 
Migrantes e emigrantes - Escreve: António Afonso
 

Todos aqueles que conhecem o Concelho de Alcoutim sabem que este é composto por terrenos muito acidentados, salvo excepção de uma língua de terra, que se estende desde os arredores de Martim Longo até às cercanias do Pereiro, a que designam de «chada ou também achada», onde o terreno é mais ou menos plano.
 
São montes, cerros e mais cerros a perder de vista, creio que todos eles paridos pela Mãe Natureza num dia de tempestade, fazendo lembrar um mar encapelado. Todos têm a sua própria designação: o cerro dos mouros, do marco, das perdizes, da raposa, dos barões e ainda um de cujo nome gosto particularmente, o do maniverso, talvez por ser pouco comum.
 
Ora deste tipo de orografia de montanha coberta de vegetação rasteira, composta de estevas e rosmaninhos sobressai aqui e ali uma moita de carrascos. Nos vales profundos correm cursos de água temporários, formando a rede hidrográfica. Em parte, todo este meio ambiente moldou os seus habitantes.
 
As influências do litoral eram bastante escassas devido à barreira natural e aos péssimos meios de comunicação por via terrestre quase inexistentes. As populações receberam também influências do seu vizinho Alentejo, essas tão presentes no seu dia-a-dia nos usos e costumes, como no vestir, andar, cantar, modo de falar e ainda nos hábitos alimentares, agricultura, pecuária, arquitectura, etc.
 
Compreendo, perfeitamente, que a realidade na vila seria um pouco diferente, pela sua situação geográfica, situada junto a essa estrada líquida, que é o Guadiana e por ser o centro administrativo, com repartições públicas, Finanças, Registo Civil, Escolas, Farmácia, Celeiro, Correios, Serviços Camarários e Forças policiais de Fronteira. Aqui se desenvolveu, também, uma panóplia de serviços necessários à vida quotidiana.
 
 
 
 
 
 

1 comentário:

  1. Que maravilha!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Caro xará Antônio Affonso (e José Varzeano), eu jamais saberia de tais fatos, se não houvessem relatado aqui no ROL. Faz-se necessário, sob pena de cair no esquecimento, que pessoas como vocês, somados o Daniel silva e outros aqui sempre mencionados, que façam publicar em livro a história tão bonita do povo de (o) Alcoutim. A nova geração lusa e do mundo lusófono merece saber da sua história. E é uma história bonita, ainda que sofrida.
    Um abraço aos alentejanos e alcoutenejos e às pessoas que adoram a história dos povos do mundo, com o requinte dessa história ser escrita pela forma da última flor do Lácio, ao mesmo tempo inculta e bela, cheia do esplendor e majestade das línguas latinas.

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