O Milheiral - Conto / Causo de José Pedreira da Cruz (Tico Cruz)
Lá, na zona rural, uma família de lavradores se recolhe em seus aposentos depois de um exaustivo dia de trabalho na lavoura de milho, que recentemente plantado dá muita beleza no roçado do seu Febronio.
Aquela plantação representava a segurança alimentar para sua família, assim dizia o velho agricultor.
Já é madrugada e todos em casa estão dormindo a todo ronco, enquanto numa das roças, ao lado, alguns animais também dormem espojados no chão. ****
A vida de lavrador não é fácil. Depois de trabalhar de sol a sol limpando e cuidando dos afazeres, a melhor coisa do mundo é dormir. – Nunca se deve queixar do tempo desperdiçado com a reza, pois ela é santa e purifica a alma. - assim dizia sempre o velho Febronio em suas palestras com a família, que era composta de nove filhos e esposa.
Foi assim que seu Febronio foi criado e é assim que ele cria seus filhos e netos e vai ser assim de geração a geração, segundo ele.
Era de costume, sempre nas madrugadas, o seu Febronio acordar toda sua família para rezar o Santo Oficio - como assim ele chamava a reza.
Um de seus filhos, o Enock, era a única pessoa de todo o clã que não era chegado à reza. Enquanto todos de casa respondiam fervorosamente às segundas partes dos «Pai nossos e das Ave Marias», o Enock mal mexia os lábios e se escondia da visão do velho pai que, como católico fervoroso que era, não toleraria ver nenhum filho fingindo rezar.
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