Grupos Corais - Tempo de mudar de rumo - Texto de José Francisco Colaço Guerreiro
Os poderes assistem impávidos e praticamente indiferentes à delapidação , ao apagamento e até mesmo ao aviltamento do património mais rico desta terra e da nossa gente. Falta-lhes claramente a consciência da importância que o cante tem como elemento socialmente agregador , parecem estar destituídos da noção do valor que é inerente à expressão vocal do nosso povo, mostram-se alheados do seu estado e também dos cuidados que deveria haver para tornar mais sólida essa nossa matriz cultural .
Não planeiam , não projetam e por isso não executam nenhuma estratégia de valorização do cante . Não buscam encontrar com os protagonistas medidas a adotar no sentido do favorecimento da afirmação da moda . Recusam-se a dar um tratamento ao cante que tenda a projectá-lo para o nível de prioridade cultural primeira .
Assim , aos Grupos não é conferido estatuto artístico e quando para eles olham , mesmo sem desdenhar, nunca lhes conferem importância em termos orçamentais ou logísticos e muito menos no que respeita à consideração e ao afeto que lhes deviam merecer.
Qualquer Grupo Coral supera em numero de elementos, em entrega, em atuações e em representatividade o plantel do grupo de futebol local , mas a todos é fácil constatar quais os apoios que anualmente estão reservados a um e a outro. Enquanto assim for , e só deixará de o ser quando a atual atitude for modificada , uns são atletas , vedetas, campeões e os outros são os coitados que cumprem um quase dever de arrastar consigo o peso duma tradição a que só às vezes e quando dá jeito importa lembrar e enaltecer.
Também por isso , a participação ou a simples identificação com o fenómeno bola é querida e invejada , sendo, ao invés, a motivação pelo cante progressivamente arredada das preferências da nossa gente ,em particular, da juventude .
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