A oficina da droga - Texto de Leocardo - Publicado no Blogue Bairro do Oriente - Macau
O Secretário para a Segurança de Macau, Cheong Kwok Wa, apresentou alguns números da toxicodependência em Macau, que como sempre registaram um aumento tanto no tráfico, como no consumo.
Assim o número de utilizadores de estupefacientes cresceu em 20%, enquanto que a quantidade de droga que entrou no território registou um surpreendente aumento em 60%. Ou passou a haver mais produto para todos, ou estes 20% que agora entram nas contas consomem mesmo a valer. O secretário referiu ainda a necessidade de dar mais atenção ao aparecimento de novas drogas sintéticas que ainda não constam da lista de substâncias proibidas, que são produzidos em «oficinas», citando o próprio.
Não resisto a fazer uma piada: enquanto se alinha uma embraiagem ou se muda o óleo aos travões, produzem-se substâncias psicotrópicas que ajudem a equilibrar as contas da «oficina».
Claro que estou apenas a ser parvo, e sei que o secretário queria dizer «laboratórios» em vez de «oficinas». O que mais me preocupa é o que Cheong Kwok Vá disse de seguida, que sugestões apresenta para ajudar no combate à toxicodependência: penas de prisão mais pesadas. Cheong defende que as molduras penais não são suficientemente dissuasoras, e que o melhor é fazer os potenciais infractores pensar duas vezes em vez de depois ir atrás deles. Pois é, quando a batalha começa a ficar perdida, o melhor é ordenar a retirada, e tentar ganhá-la na secretaria.
E apesar de apanharem traficantes a um ritmo diário, os senhores polícias têm mais que fazer.
Mais uma vez se procura recorrer a medidas preventivas em vez de punir simplesmente quem infringe a lei, colocando em cheque o livre arbítrio a que cada um tem o direito, sujeitando-se às consequências dos seus actos. Alguns casos de pequeno tráfico, do tipo «formiga», são punidos com penas que vão além dos dez anos, e ainda acham isto «convidativo» como opção de carreira?
Agravar as penas só vai fazer os intermediários passar mais tempo atrás das grades, e deixa impune quem realmente lucra com este negócio. Para estes não vai ser difícil encontrar alguém que lhes faça o trabalho mais sujo, normalmente gente desesperada com dificuldades financeiras ou consumidores procurando sustentar o seu vício, por vezes ignorando o risco que corre e a dimensão do castigo a que se sujeita.
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