Febre do Rato (2011)
Texto Recolhido em Cinema Pela Arte - Emmanuela
«Esse é um filme anarquista, e com ele eu quero dar coragem às pessoas. Por isso tem aquela cena em que o Zizo grita: «Coragem! Coragem! Coragem!». Coragem para você ser quem você é.» ― Cláudio Assis
Eufonia da anarquia
A verve jorra aos borbotões no consagrado «Febre do Rato» (2011), terceiro e mais atual longa-metragem do pernambucano Cláudio Assis. Delírio racional e gloriosamente despudorado que se propaga em um Recife cinzento devidamente decantado pela câmara, pedaço de terra vilipendiado que agride o colorido atraente das publicidades turísticas.
Irandhir Santos é Zizo até aos órgãos, ator que se lança sem reservas no turbilhão de palavras frenéticas, é a voz eloquente e anárquica do artista, militante invulgar que assoma das sombras do subdesenvolvimento com o objetivo de transformar seu clamor poético em poluição sonora para aqueles que observam do alto, no topo da soberba.
As poesias concentradas em «Febre do Rato», recitadas com a ardência apaixonada de Irandhir, todas da autoria do roteirista Hilton Lacerda, são decerto condizentes com franqueza irrefreável do cineasta Cláudio Assis, uma particularidade provavelmente acrimoniosa para aqueles resignados com as verdades veladas, com a hipocrisia mundial.
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