domingo, 18 de agosto de 2013

UMA CASA EM BEIRUTE (2) - Por Sylvia Beirute

 
UMA CASA EM BEIRUTE (2) - Por Sylvia Beirute
 
um nome. as pessoas reduzem-se a um nome. a linguagem agrava as coisas. as pessoas também se reduzem a linguagens. na realidade o nome e tudo o que ele comporta, como o chamar, o entoar, o evocar, reduz-se a uma linguagem. quando a criança me chamou, disse o meu nome: «Carlaiz», disse ela. disse-o de uma forma diferente. disse-o como se se desmoronasse a linguagem subjacente.
 
eu nunca pensei no meu nome com esta sensação associada, concluí. nunca o meu nome conheceu uma matéria tão informe, sem opositor chamativo, com uma redução subliminar, própria do domínio do puro. Carlaiz, perguntava a criança, aceitas jantar connosco na sexta-feira? e eu pensava. eu não parava de pensar na primeira questão. disse «porque não?» com um sorriso como se pudesse fugir sem pernas. «ainda tenho de tratar do meu contrato, acabei de chegar à cidade», acrescentei.
 
 a questão filosófica mais importante numa pessoa sozinha no mundo, senão num espaço, maior ou menor, é a possibilidade (ou capacidade) de escolher a própria família. se for num espaço estrangeiro esse acolhimento é paradoxalmente mais efectivo. como que há um distanciamento natural entre quem recebe e quem chega, mas que aproxima pela descoberta, conquista, ou curiosidade radiográfica. mas que será isto? por que será assim?


Leia este tema completo a partir de 19 de Agosto carregando aqui.




 



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