domingo, 18 de agosto de 2013

E é sempre assim - Conto de Daniel Teixeira

 
E é sempre assim - Conto de Daniel Teixeira
 
Desde sempre que pensei que as coisas iam ficar por ali. Aliás desde o primeiro minuto que interiormente já pensava isso. Quer dizer, eu já a conhecia um pouco, muito pouco, é certo, mas sabia que havia uma diferença grande entre nós.

Talvez não fosse assim tão grande, essa diferença, afinal e talvez fosse eu mesmo que a fizesse grande. Talvez tenha sido assim tal como as coisas se passam nos dias das nossas vidas quando nem sequer queremos desejar uma coisa que sabemos não poder vir a ter.
 
O processo para mim é simples, ou é fácil de explicar e é quase evidente que eu o reconheça, o processo. Colocamos essa coisa que não podemos ter muito longe do nosso alcance para não vir a desejá-la e para não sofrermos por não a ter.
 
Era isso que eu pensava dela, ou era assim mesmo que eu pensava e por mais voltas que tivesse dado às minhas ideias sobre ela dificilmente teria pensado que as coisas não tivessem ficado por ali, quer dizer por ali onde eu as tinha colocado: ela inalcançável e eu sem ambições frustrantes sobre a forma como alcançá-la.

Depois, bem, depois, passado já bastante tempo de nos conhecermos as coisas deram uma volta, ou mesmo duas, se quisermos. Não sei exactamente como as coisas se foram passando e como o tempo conseguiu influir, mas houve um dia, aquele dia, em que as nossas distâncias diminuíram. E é por isso que eu disse acima que talvez tenha havido duas voltas porque acho que a nossa ideia se aproximou, convergiu, vinda de dois sentidos. De mim e dela.

Foi quase por acaso acho eu, talvez estivéssemos os dois precisados um do outro, ou cada um de nós de um outro. E o que se seguiu foi muito rápido.
Muito rápido mesmo foi aquele passo de proximidade e convergência.
 
 
 
 
 
 
 

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