Uma viagem no tempo - Crónica por José Pedreira da Cruz (Tico Cruz)
Como que numa espécie de transe fechei os olhos e viajei mais de cinquenta anos atrás, à procura de mim mesmo. E lá estava eu, tal como deixei: mais ou menos quatro anos de idade, mal vestido, cabelos aloirados, chupeta na boca e pés no chão; olhar sereno e sorriso acanhado rindo pra si mesmo. Aquele menino solitário parecia não me reconhecer e por um instante ficou desconfiado com minha inesperada presença.
Então lhe murmurei:
- Calma! Fique calmo, garoto! Nós somos um só! Eu sou você e você é eu! Somos a mesma pessoa, reconhece-me?
Espantado o garoto olhou dentro dos meus olhos e me fez abrir o semblante, e eu também sorri a esmo, já com um sorriso sexagenário.
As pessoas que passavam me olhavam achando-me esquisito, mas como ninguém entende dos pensamentos humanos prossegui com minha visita ao passado. Passado que passa também nos meus sonhos até mesmo acordado.
- Sabe quanto tempo faz que não nos vemos? Sessenta anos! Você imaginava que ficaria assim? Veja como estamos hoje? Ouça-me, tenho idade para ser seu avô! Que acha você se fosse meu neto?
Olhei minucioso para todo seu corpo, que era lindo. Sua pele morena brilhava sob o Sol e suas mãozinhas gordas se mexiam agitadas. Seus cabelos caracolados tinham luz e sua boca, de lábios finos, se abria e se fechava envolvida num sorriso angelical.
Tive a impressão de ouvi-lo perguntar:
- Por onde você andou? Porque me deixou?
Leia este tema completo a partir de 15 de Abril carregando aqui.Então lhe murmurei:
- Calma! Fique calmo, garoto! Nós somos um só! Eu sou você e você é eu! Somos a mesma pessoa, reconhece-me?
Espantado o garoto olhou dentro dos meus olhos e me fez abrir o semblante, e eu também sorri a esmo, já com um sorriso sexagenário.
As pessoas que passavam me olhavam achando-me esquisito, mas como ninguém entende dos pensamentos humanos prossegui com minha visita ao passado. Passado que passa também nos meus sonhos até mesmo acordado.
- Sabe quanto tempo faz que não nos vemos? Sessenta anos! Você imaginava que ficaria assim? Veja como estamos hoje? Ouça-me, tenho idade para ser seu avô! Que acha você se fosse meu neto?
Olhei minucioso para todo seu corpo, que era lindo. Sua pele morena brilhava sob o Sol e suas mãozinhas gordas se mexiam agitadas. Seus cabelos caracolados tinham luz e sua boca, de lábios finos, se abria e se fechava envolvida num sorriso angelical.
Tive a impressão de ouvi-lo perguntar:
- Por onde você andou? Porque me deixou?
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