domingo, 28 de abril de 2013

Nota solta: Quem dita o que se lê em Angola? - Crónica de Gociante Patissa

 
Nota solta: Quem dita o que se lê em Angola? - Crónica de Gociante Patissa
 
Voltei ao mercado «Kero» do Lobito no dia 16/04/13 para um breve olhar sobre o sector do livro, mais concretamente na componente de escrita criativa. Meu interesse foi olhar para os preços de capa e principalmente saber quais são as principais chancelas editoriais. Recordo que, numa nota recente, referi-me ao preço convidativo em dois livros com edição portuguesa, sendo 390 Kwanzas o de crónica (autor português), e 890 Kwanzas o romance (autor latino-americano), ambos com mais de cem páginas.
 
A presente indagação foi motivada pelo que ouvi de vários agentes, escritores e editores em Luanda, que lamentavam a resistência da parte de quem gere livrarias e mercados quando o assunto é a consignação de livros editados em Angola. Porque será? Para escritores, como eu, com pouco menos de seis anos de afirmação, trata-se de um fenómeno complexo, e qualquer opinião arrisca-se ao apriorismo. Não podendo, por questões logísticas, visitar as livrarias e mercados na capital, que alegadamente secundarizam o material nacional, continuei a observação na província de Benguela.
 
A presente reflexão assume que a qualidade gráfica é equiparada, dado o avanço tecnológico de tipografias que operam em Angola, e ainda considerando haver editoras que recorrem ao Brasil e Europa. Então onde está o problema? Preços? Não parece ser de todo isso determinante, já que a moda é entre mil a quatro mil Kwanzas.
 
No «Kero», a Nzila é a única chancela nacional, que por sinal não é tão Angolana assim, depois que o sócio local vendeu as acções e o projecto se tornou apêndice do gigante grupo editorial português, Leya. Em uma hora a ler páginas de detalhes, constatei que o monopólio engloba as editoras Caminho, Casa das Letras, Texto Editores, ASA, Caderno e a Don Quixote. Minoria esmagadora recai para Estrela Polar e Porto Editora. No âmbito da Leya encontrei disponível um punhado de autores angolanos: Pepetela, Luandino Vieira, Luis Fernando, José E. Agualusa, e dois nomes que me escapam.
 
 
 
 

 

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