sexta-feira, 12 de abril de 2013

A MULHER, O CAMPO E O CANTO - Por José Francisco Colaço Guerreiro - Recolhido em Património

 
A MULHER, O CAMPO E O CANTO - Por José Francisco Colaço Guerreiro -  Recolhido em Património
 
São três caminhos convergentes no largo da moda em feminino. Uma trilogia, de espaço, melodia e ser que congrega , pelo menos, metade, de todo o nosso imaginário cultural. E esta mesma trindade, esteve desfeita durante décadas. Com a industrialização e a mecanização agrícolas, o campo deixou de absorver o trabalho braçal nas ceifas, nas mondas ou na apanha da azeitona e pouco a pouco, foi-se despovoando.
 
Mudaram-se os hábitos de vida de um povo que cantava, nas idas, durante e no regresso do trabalho. Os homens continuaram a dar largas ao seu gosto pelos descantes quando nas tabernas se juntavam ou em grupos se reuniam, mas as mulheres, remetidas à solidão de casa, deixaram de ter ambiente, faltaram-lhes as vozes, para prosseguir a moda.
 
E assim foi durante anos, décadas.
 
Acabados os bailes cantados pela modernidade emergente das tecnologias sonoras, extintos os trabalhos no campo, as mulheres deixaram de ter espaço na vida social, para nela exercerem o seu gosto, o seu saber, a sua necessidade de interpretarem colectivamente o cancioneiro.
 
Prosseguiram os homens o seu afã pelo cante. Cada vez menos no trabalho, só às vezes nas vendas, praticamente, só dentro dos grupos corais.
 
 
 
 

 

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