LINDOS COROS NATALINOS - Por Marcelo Pirajá Sguassábia
Foi no 201 do Bloco C. Os vizinhos não souberam dizer o que ocorreu de fato antes do grito fatal, nem o que motivou a briga.
Ao fim de barulhenta surra, a vulga Eglantina Vinte Arrobas vazou um dos olhos de Amadeu com o osso da sorte do frango da ceia. Pelo menos é isso o que consta no boletim de ocorrência.
Eram doze garotinhos, todos em vermelho e branco. Vermelhos de sangue e brancos de medo, alguns deles também roxos de hematomas. Gritavam alto, e à medida que o faziam eram separados em dois grupos: contraltos e sopranos, para cantarem na missa do galo.
Blitz de rotina. Fizeram sinal para parar o trenó. Uma pedra de crack no bolso acetinado do Noel de loja. Sem tempo para explicações: motorista e renas detidos para averiguação. Na cela, comitê de boas vindas: pau no bom velhinho. Em seguida, salmoura e rabanada amanhecida.
Nem precisava abrir o pacote para adivinhar o que era. Um cinto, de novo. Claro, tem sido assim desde o Natal de nem sei quando. De courvin, preto, seis furos. Fivela quadradinha, sem detalhes. As mãos tremeram. O sangue subiu à cabeça. «Não vai experimentar?».
Experimentou. O cinto cantou na carne, antes que abrissem a sidra.
Experimentou. O cinto cantou na carne, antes que abrissem a sidra.
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