«As Camponesas» completaram em Março 29 Anos - Por José Francisco Colaço Guerreiro - Publicado em «Património»
Quando fizeram o seu primeiro ensaio, dificilmente podíamos imaginar que o seu «atrevimento» lhes possibilitasse romper preconceitos antigos e a sua resistência, às adversidades do tempo e das falas, conseguisse abrir o espaço necessário para o sonho vingar.
Até então, o cante colectivo em feminino só tivera lugar no campo, no trabalho e nas lidas, onde lhes era permitido e naturalmente aceite, expressarem, ao lado dos homens, a sua sensibilidade e o seu apego cultural à moda. Quando acabaram os trabalhos agrícolas que podiam absorver numa só herdade muitas dezenas de assalariados, em mondas, nas ceifas, na apanha da azeitona e do grão, as mulheres remeteram-se à execução das tarefas caseiras, faltou-lhes lugar na produção, isolaram-se e perderam a oportunidade de continuar a cantar em coro. Pouco a pouco, da memória varreram-se as suas vozes e o seu silencio ganhou foros de costume. Durante tempos assim foi.
Hoje, passados que são já vinte e nove anos sobre o surgimento venturoso das «Camponesas» e habituados que estamos a ver vários outros coros femininos pontuando de palco em palco e cadenciando de desfile em desfile, não causa mais espanto, nem provoca engulhos ou resistência, aceitar de novo, como natural o canto das mulheres .
Foi assim reposta a verdade, a justiça e a normalidade no cantar da moda.
As «Camponesas» com a sua tenacidade , puseram de pé um projecto cultural que constitui uma dádiva , empenhada e aprofundada , de «Modas Alentejanas» que elas interpretam com uma devoção enorme, nascida da certeza de que assim estão a contribuir para que se avive a nossa memória colectiva e não se restrinja a nossa trajectória vocal ao «canto às vozes» em masculino , deixando-se à mercê do esquecimento uma grande parte da nossa riqueza cultural que também reside no imaginário e na arte das nossas mulheres.
Até então, o cante colectivo em feminino só tivera lugar no campo, no trabalho e nas lidas, onde lhes era permitido e naturalmente aceite, expressarem, ao lado dos homens, a sua sensibilidade e o seu apego cultural à moda. Quando acabaram os trabalhos agrícolas que podiam absorver numa só herdade muitas dezenas de assalariados, em mondas, nas ceifas, na apanha da azeitona e do grão, as mulheres remeteram-se à execução das tarefas caseiras, faltou-lhes lugar na produção, isolaram-se e perderam a oportunidade de continuar a cantar em coro. Pouco a pouco, da memória varreram-se as suas vozes e o seu silencio ganhou foros de costume. Durante tempos assim foi.
Hoje, passados que são já vinte e nove anos sobre o surgimento venturoso das «Camponesas» e habituados que estamos a ver vários outros coros femininos pontuando de palco em palco e cadenciando de desfile em desfile, não causa mais espanto, nem provoca engulhos ou resistência, aceitar de novo, como natural o canto das mulheres .
Foi assim reposta a verdade, a justiça e a normalidade no cantar da moda.
As «Camponesas» com a sua tenacidade , puseram de pé um projecto cultural que constitui uma dádiva , empenhada e aprofundada , de «Modas Alentejanas» que elas interpretam com uma devoção enorme, nascida da certeza de que assim estão a contribuir para que se avive a nossa memória colectiva e não se restrinja a nossa trajectória vocal ao «canto às vozes» em masculino , deixando-se à mercê do esquecimento uma grande parte da nossa riqueza cultural que também reside no imaginário e na arte das nossas mulheres.
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