UMA ESMOLINHA POR AMOR DE DEUS... - Texto de Lina Vedes
Pelos anos 40 era hábito, na minha zona residencial, freguesia de S. Pedro, Faro, haver dia e hora marcada, para dar esmolas a pedintes (não sei se noutros pontos da cidade acontecia o mesmo).
Na rua Baleizão, os moradores escolheram o sábado, e a minha mãe marcou, as 11 horas.
Era um hábito enraizado, condenado teoricamente pela igreja, que nas aulas de catequese, martelavam os ouvidos, ensinando, que a mão esquerda, nunca deve presenciar a dádiva da direita.
Muito antes da hora marcada, já homens e mulheres, surgidos não sei de onde, se agrupavam pelos diversos cantos da rua e do largo, a entreter o tempo, uns de pé, coscuvilhando, outros sentados no lancil, a esfregar os pés sujos com as mãos, a cochilar, a coçar-se, e por incrível que pareça, a catar piolhos, e a deitar para o chão a ranhuça que pingava…
Repentinamente, em cima das 11 horas, alguém se aproximava da porta de minha casa, e de imediato, uma chuva de gente corria, tapando por completo, toda a entrada.
Mulheres vestidas de um negro já debotado, com xailes pelos ombros e lenços atados, por baixo do queixo, tapando os cabelos, umas descalças, outras chancelando ou calçando alpercatas de pano e sola de corda, acotovelavam-se, para disputar lugar privilegiado.
Na rua Baleizão, os moradores escolheram o sábado, e a minha mãe marcou, as 11 horas.
Era um hábito enraizado, condenado teoricamente pela igreja, que nas aulas de catequese, martelavam os ouvidos, ensinando, que a mão esquerda, nunca deve presenciar a dádiva da direita.
Muito antes da hora marcada, já homens e mulheres, surgidos não sei de onde, se agrupavam pelos diversos cantos da rua e do largo, a entreter o tempo, uns de pé, coscuvilhando, outros sentados no lancil, a esfregar os pés sujos com as mãos, a cochilar, a coçar-se, e por incrível que pareça, a catar piolhos, e a deitar para o chão a ranhuça que pingava…
Repentinamente, em cima das 11 horas, alguém se aproximava da porta de minha casa, e de imediato, uma chuva de gente corria, tapando por completo, toda a entrada.
Mulheres vestidas de um negro já debotado, com xailes pelos ombros e lenços atados, por baixo do queixo, tapando os cabelos, umas descalças, outras chancelando ou calçando alpercatas de pano e sola de corda, acotovelavam-se, para disputar lugar privilegiado.
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