Só me resta desconfiar da intenção das frutas - Crónica de Gociante Patissa
Foi de uma nutricionista que ouvi há alguns anos que «mais importante do que os ingredientes são os nutrientes». Encantou-me o que a rima encerra, passando desde então a fazer pequenos exercícios mentais à hora de comer ou beber, tendo em conta o teor do açúcar, gordura e afins.
Acontece entretanto que, desse exercício, costumam resultar trapalhadas comprometedoras. Hoje por exemplo, numa festa pelo baptizado da filha de uma pessoa amiga, foi com agrado que me deparei com uma jarra de vidro cheia de limonada. Para não restarem dúvidas, estavam presentes porções de limão. Qual cão de Pavlov, minhas glândulas não cabiam em si. Ora, conhecendo as vantagens daquele citrino para a saúde, cuidei de encher um copo, bem cheio mesmo!
«Essa limonada tem um paladar esquisito. Parece limonadas de Israel, que se dizem naturais quando são de fábrica», recorri ao companheiro ainda a meio do primeiro gole.
«ó sócio, cuidado, isso não tem álcool?», advertiu.
«Será? Deixa dar mais um gole».
E nesse instante percebo que de facto era um líquido da cor da limonada, recheado de limão, mas alcoólico.
«Isso é caipirinha, é bebida de meninas na discoteca, ou daqueles que começam agora a beber», esclarecia ele.
Estava eu ali à vista de tantos convivas, de copo cheio, sem saber como me livrar dele. Lá tive de sair e entornar atrás da árvore do pátio, que me perdoe a natureza se o capim morrer.
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