PRIMEIRO DE MAIO DE 1957 - Texto de Lina Vedes
Atempadamente, havíamos combinado uma ida até ao Rio Seco, para passear, como comemoração do 1º de Maio. O Rio Seco, na altura, distava uns três quilómetros das últimas casas de Faro e muitas vezes ouvi a mãe dizer, quando lá íamos:
- Qualquer dia Faro e o Rio Seco ficam unidos pelas casas…
- Qualquer dia Faro e o Rio Seco ficam unidos pelas casas…
O ponto de encontro com os colegas era à Pontinha, logo a seguir ao almoço, para regressarmos até às 19,30h. Nisto de horários a família era rigorosa. Cada um, nas suas casas, utilizou os métodos, para desculpas de «ter de sair», e lá fomos.
O sentir liberdade, dentro de nós, era avassalador…
O sentir liberdade, dentro de nós, era avassalador…
Não íamos para o Liceu, com rumo marcado, partíamos à aventura. Era uma explosão de alegria, era saltar, rir, correr, gargalhar, falar alto, sem o olho controlador do adulto. Era deitar para fora todas as energias armazenadas e controladas. O passeio era o escape, era o aliviar de todas as tensões.
Nestas saídas, os acontecimentos eram pouco marcantes, mas os sentimentos perdurariam pela vida fora.
Era eu, a Haidé, a Odete Antão, a Odete e Rosália Labisa, a Lisete Bailote, a Delmira, a Noélia, a Adelaide Costa, a Natércia de raparigas e de rapazes, o Vítor Pinto (meu irmão), o Vítor Cabrita Neto, o Rogério e o Jacinto (irmão de Delmira).
Era eu, a Haidé, a Odete Antão, a Odete e Rosália Labisa, a Lisete Bailote, a Delmira, a Noélia, a Adelaide Costa, a Natércia de raparigas e de rapazes, o Vítor Pinto (meu irmão), o Vítor Cabrita Neto, o Rogério e o Jacinto (irmão de Delmira).
Andámos pelas hortas, pulámos valados, subimos às árvores, comemos nêsperas, tirámos fotografias… Foi um experimentar de sensações desejadas e proibidas…
A certa altura, alguém do grupo grita:
- Vem aí o dono da nespereira, numa bicicleta a fogo (motor).
A certa altura, alguém do grupo grita:
- Vem aí o dono da nespereira, numa bicicleta a fogo (motor).
Era quem mais podia fugir, para a estrada de Olhão, pois aproximava-se já a hora do regresso.
Mais uma vez, o facto deu para rir, descompassadamente, enquanto tomávamos rumo a Faro.
Íamos calmamente, pela estrada, quando de algures se ouve uma orquestra a tocar uma música, que na altura enchia os nossos corações adolescentes, de romantismo – O Caminho Verde.
Íamos calmamente, pela estrada, quando de algures se ouve uma orquestra a tocar uma música, que na altura enchia os nossos corações adolescentes, de romantismo – O Caminho Verde.
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