sábado, 1 de junho de 2013

POESIA DE VIRGINIA TEIXEIRA - Morreu a menina; Despedaçada; Vingança; Fugidia paixão

 
POESIA DE VIRGINIA TEIXEIRA - Morreu a menina; Despedaçada; Vingança;  Fugidia paixão

Morreu a menina

 
 As lágrimas caem do céu que vocifera ferozmente
 A angústia e a raiva que traz nas nuvens que obscurecem o dia
Nesta terra gélida e desconhecida onde abriguei o espírito carente
 De uma menina que morreu há muito, aquela que Via,


Morreu a menina inocente que clamava poesias ao vento
 A que escrevia sentimentos para sobreviver
A que amava tão profundamente que raiava o sofrimento
A menina que eu não soube proteger…


O vento agride as árvores e força-as a recuar
 As lágrimas do céu derramam-se sem cansaço,
E a que restou, luta para finalmente encontrar..


Despedaçada
 
 Não sei esconder nem por um instante mais,
 Não quero calar mais um segundo que seja,
 Vou gritar até me doer a voz enquanto tu vais,
 Implorar-te sem pudor que fiques onde quer que eu esteja.

 
Porque tu és parte de mim mesma, és mais Eu que Eu,
 Es uma pele que me cobre num abraço de falcão,
 A manta que me protege sem a ternura de um véu,
 A carne que se despedaça com todos aqueles que se vão,


 Com todos os que me abandonam à minha sorte,
 Sem compreender que na realidade me deixam à morte,
 Lívida e plácida como o espectro que te anseia.


Vingança
 
 Despedaçaram-se as tuas entranhas nas minhas mãos carmesim,
 Rasguei-te de ponta a pavio, escancarei as tuas costelas sem hesitar
 E esmiucei todas as miudezas dessa tua vida de inutilidade sem fim.
 Senti a sensação da tua carne inerte por entre os meus dedos a escapar

 
E com o mais gutural dos sons deste mundo vazio, soube finalmente rir.
 De ti, de mim mesma, da mágoa que carrego sem que tenhas sofrido um instante.
 Agora és tão desgraçada quanto eu, estás tão ferida quanto a que quiseste ferir,
 Quanto aquela que se deixou morrer um pouco a cada investida trucidante.


Fugidia paixão
 
 Fugidia paixão que me inflama
 Instantes em que tudo pára por um momento
 Em que só nos estamos vivos e em chama
 Corpos envolvidos no calor alimentado pelo vento,


Esse vendaval que do alto da colina
 Nos trespassa com a sua implacável ferocidade
 Nos desalinha e visceralmente domina,
Anima a alma fêmea e atiça a sensualidade


 Encobre-te a Razão e os meandros do pensamento
 Torna-te mais real, corpórea e sincera
Completamente entregue ao aprisionamento


www.raizonline.net/duzentosevinteecinco/quarenta.htm




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