5 irmãos - 5 caminhos - Texto de Lina Vedes
Odeleite, concelho de Castro Marim, distrito de Faro, por volta de 1890 era um aglomerado de casas habitadas por gente humilde, honesta e trabalhadora.
Devido à estagnação económica não existia trabalho que absorvesse a população potencialmente activa. Os poucos salários praticados não resolviam as exigências mínimas dos habitantes obrigando-os a emigrar para além do Guadiana. Muitos laços de família, de amizade, de negócio ou de trabalho se firmaram entre as duas margens do rio, unicamente, fronteira politica.
Perto da ribeira de Odeleite um jovem casal ocupa uma pequena casa térrea e, num curto espaço de dez anos, trazem ao mundo cinco filhos – Manuel, Joaquim, José, Amélia e Rosa.
Trabalhavam de sol a sol não se permitindo pausar e colocando os filhos a colaborar com eles, logo a partir dos 5/6 anos de idade.
Sem emprego fixo o pai «jogava mão» a tudo que lhe alimentasse a família. O pouco dinheiro que entrava na casa destinava-se à compra de roupa, sapatos, o necessário para a escola, produtos adquiridos na mercearia/tasca como azeite, açúcar, petróleo…e, outros artigos indispensáveis à sobrevivência, eram objecto de trocas…
O pai tanto trabalhava nas terras que rodeavam a casa semeando e colhendo favas, ervilhas, couves, cenouras, cebolas, alhos, tomates…como ia pelos matos caçar ou pescar na ribeira.
A mãe lidava em casa, mantendo o fogo aceso nas lajes da lareira, fazendo os jantares da família, lavando a roupa na água corrente e límpida da ribeira, utilizando cinza para lhe retirar o encardido, corando-a e pondo-a a secar em cima das moitas. A seu cargo havia ainda a criação de galinhas um ou outro coelho e um porco, alimento que, no futuro, daria para comerem nos dias invernosos.
Os filhos ajudavam indo ao moinho do «tio Bertolino», que ficava num monte próximo, trocando peixe ou caça que o pai conseguira apanhar, por farinha de trigo para a mãe amassar o pão ou de milho para as papas. As crianças gostavam de ir ao moinho fazer a encomenda das farinhas pois assistiam ao rodar das velas e das mós e traziam «mimos» do moleiro – um balaio de figos, cachos de uvas, alfarrobas…
Sem comentários:
Enviar um comentário