Jogo de Aniversário - Crónica de Antônio Carlos Affonso dos Santos - ACAS
Tarde de sábado. A casa do «técnico» João Domingos fervilhava de gente. O Bastião Goiaba, goleiro dos bons; o Ném, o Homero, filho do Jucão; o Batista e seu irmão João Paulo; o Mané Barrinha, o melhor de todos; eu, meu irmão Nelson; o Efigênio, o espanholzinho Pila e o italianinho Beppo.
Ainda estavam lá o Dito do Retiro, o Chiquinho Bérgamo, o Valdemar, filho do Oliveira e os irmãos Heitor e Rubens, filhos do Anésio barbeiro, além do Zé Delfino. O João Domingos havia acabado de chegar do eito do café, acompanhado do Darcy e do Eguimar.
Ele sorriu bondosamente para todos nós que, impacientemente aguardávamos a notícia mais importante: - quem seria nosso adversário no jogo de futebol no dia seguinte?.
O João Domingos tirou a camisa. Do rosto escorriam gotas de suor, as quais ele secava com a camisa suada e suja da terra roxa. A sua carapinha estava coberta de pó, e até com algumas folhas e pequenos gravetos e formigas. A Manega colocou uma cadeira no quintal, em volta da qual todo o nosso time de meninos se acomodou o melhor que pôde.
Pouco depois, a Manega volta com uma bacia de alumínio, na qual cabiam pelo menos trinta litros de água; a seguir veio com um balde enorme cheio com água fervente. O João Domingos então se aproximou, tendo nas mãos, envolto em palha de milho, um sabão de cinzas, feito por ele próprio.
Enquanto falava com a molecada, ele tomava seu banho de meio-corpo, como se dizia, banho que era muito comum nos imigrantes italianos que moravam na fazenda. Ensaboou-se todo da cintura para cima e enxaguou-se como pode, até que a Manega chegou com uma panela de água fumegante e despejou cuidadosamente sobre sua cabeça e as costas, findo o qual, passou-lhe uma toalha branca, feita de sacaria de farinha, cujas extremidades eram desfiadas e trançadas com maestria pela Manega.
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