sexta-feira, 14 de junho de 2013

Estrutura dos Lusíadas por Salvatore D`Onofrio - A POESIA EPICA NA RENASCENCA - Salvatore D'Onofrio


Estrutura dos Lusíadas por Salvatore D`Onofrio - A POESIA EPICA NA RENASCENCA - Salvatore D'Onofrio
 
I - Antecedentes literários e culturais
 
 A Idade Média nos legou dois filões principais de literatura narrativa. O ciclo bretão, centrado nas aventuras do herói lendário da Grã-Bretanha, o rei Artur, que teria introduzido o Cristianismo na Inglaterra e, com seus «Cavaleiros da Távola Redonda», teria dominado os anglos do Norte e os saxões do Oeste, no fim do séc.V.
 
Neste ciclo narrativo, redigido em prosa, distinguimos duas vertentes romanescas: uma, de influência religiosa, tem como fulcro a Demanda do Santo Graal, cujos heróis, Galaaz, Parsifal e Boors, encarnam o idealismo cavaleiresco, que se revela na defesa da fé cristã e na busca da graça divina; outra, de espírito cortesão, exalta a sensualidade amorosa e a paixão adulterina: Amadis de Gaula e as aventuras de Tristão e Isolda, Lançarote e Genebra, Flores e Brancaflor.
 
Outro filão narrativo, o ciclo carolíngio, redigido em versos e de origem mais popular, é constituído pelas canções de gesta, cantos épicos e heróicos, centrados nas aventuras militares de Carlos Magno e dos Paladinos de França, que se deram na segunda metade do séc. VIII. Já vimos que episódios deste ciclo, mitificados e adaptados à nova realidade histórica, foram retomados no início do séc. XII, dando origem a epopéia francesa e servindo como modelos para o surgimento das epopéias de outras nacionalidades européias.
 
Com o Humanismo e a Renascença, a partir do séc. XIV, junto com a descoberta e a valorização da cultura e da civilização greco-romanas, é reativado também o filão da poesia épica medieval, especialmente no tocante ao espírito da Cavalaria.
 
A Itália renascentista cultiva abundantemente a memória coletiva do herói histórico-mítico Roland, que se torna o protagonista de vários poemas épico-cavaleirescas. Mudando, por eufonia, o nome de Roland para «Orlando» e misturando as aventuras guerreiras, próprias do ciclo carolíngio, com as aventuras amorosas, extraídas do ciclo bretão, os renascentistas italianos criam uma personagem, ao mesmo tempo, valorosa na guerra e apaixonada no amor.
 
Luigi Pulci, inspirando-se no poema anônimo popular Orlando, cria o seu Morgante (1483), poema cavaleiresco que trata das aventuras militares e da morte do grande herói mítico francês.
 
O tema é retomado por Matteo Maria Boiardo no seu Orlando Enamorado, obra inacabada pela morte do poeta (1494). Mas o poema que mais artisticamente trata do assunto é o Orlando Furioso (1516), de Ludovico Ariosto.
 
O poeta italiano pretende continuar a obra inacabada pelo Boiardo, começando a história de onde este tinha terminado. Ele se inspira não só na tradição bretã e carolíngia, mas também na poesia épica greco-romana.





Sem comentários:

Enviar um comentário