domingo, 16 de junho de 2013

Dois monstros sagrados - Autoria: Cecílio Elias Netto - Jornal A Província - Piracicaba

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Dois monstros sagrados - Autoria: Cecílio Elias Netto - Jornal A Província - Piracicaba
 
Entre muitos outros grandes motivos, ninguém terá vivido em vão se viu e ouviu, nos palcos do país, monstros sagrados como Nana Caymmi e Maria Bethânia.
 
Nunca me queixei de amargores e amarguras da vida, que são muitos para toda a família humana. Se há problemas, isso é bom, pois problemas existem para ser resolvidos. O que se não pode resolver faz parte da aventura humana. E confundir simples contingências da vida com questões insolúveis é, no mínimo, imaturidade intelectual. E espiritual.
 
Desde cedo, aprendi que ter nascido foi um privilégio. Plantado no ventre de minha mãe, foi-me respeitado o direito de nascer. O depois – ou seja, a própria vida, a existência – não é direito, mas conquista. Ninguém tem direito puro e simples à felicidade. No entanto, a ninguém pode ser negado o direito de, legitimamente, ir em busca dela. Essa, certamente, é a grande aventura do homem, algo profundamente íntimo, pessoal, que resulta de suas escolhas. De qualquer maneira, porém, nascer é um privilégio, vir à vida é uma graça. Viver é aprendizado de sabedoria.
 
Mil vezes, acho eu, ao longo de minha carreira de escrevinhador, confessei que – fosse, eu, mais humilde – andaria de joelhos, tais os privilégios que me foram concedidos. Mas, também, conquistados. Escolhas equivocadas, paguei por elas e deixei-as no passado, como um jornal de ontem que não tem mais qualquer serventia a não ser para simples consulta ou embrulhar objetos.
Encontrei, na vida – e ainda os encontro – momento epifânicos, mesmo quando as borrascas pareciam insuportáveis. E, muitas vezes, deparei com o Inefável quando fui apresentado ao Nefando.





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