Lenda da Moura de Milreu - Introdução e recolha de Daniel Teixeira
Introdução: As lendas que metem mouras encantadas têm alguns aspectos que se repetem. Varia o local, varia uma parte do enredo, mas de uma forma geral e sendo feito um estudo mais aprofundado poderíamos chegar à conclusão que a quantidade de pontos comuns entre lendas é tão elevada que seríamos forçados a aceitar que estas lendas advêm de uma fonte ou mais que uma fonte comum. Facto este que não se passa exclusivamente com as lendas das mouras encantadas, diga-se.
Quem fez as recolhas ou quem recita as ditas lendas de uma forma geral dá um relativamente pequeno ênfase à parte que as podia diferenciar, o enredo, ficando-se muitas vezes apenas pelo «encantatório» sabendo, como é claro, que este por vezes sustenta, quando ditas isoladamente, as referidas lendas.
Normalmente e analisando as lendas em termos psicológicos mais aprofundados, sem que sejam exaustivos (faltará fazer isso um dia) o encantamento das mouras tem lugar com uma intenção bem determinada que é a de impedir que as mesmas mouras sejam objecto quer de sevícias da parte dos cristãos conquistadores quer a impedir em casos amorosos que a união entre as duas religiões se processe por via de um casamento, e isto vale tanto para mouras encantadas como para «príncipes» mouros encantados.
Uma vez que as lendas, estas lendas, são feitas e contadas por cristãos, devemos entender que existe, pelo menos, um forte cunho de rejeição cristã a esta possibilidade embora o enredo (curto) acabe por atirar as culpas da impossibilidade de concretização dos amores à acção do «vizir», que, estranhamente, tem sempre poderes mágico - encantatórios.
Um dia falarei mais aprofundadamente sobre esta questão (temos cerca de 40 lendas publicadas neste jornal) e por hoje apresento uma história, a Lenda da Moura do Milreu, que está bastante desenvolvida (nesta apresentação) em termos literário - narrativos.
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