quinta-feira, 6 de junho de 2013

De Olhão ao Brasil num pequeno barco - Recolha e condensação de Daniel Teixeira


De Olhão ao Brasil num pequeno barco - Recolha e condensação de Daniel Teixeira
 
José Belchior e Felismina Inez
 
Olhanenses da Culatra, José Rodrigues Belchior e a sua companheira Felismina Inez notabilizaram-se no ano de 1959 por atravessarem o Atlântico, de Olhão a Porto Seguro (Brasil), num pequeno veleiro de 6,5 metros de comprimento e 2 metros de boca - o Natália Rosa -, em consequência de uma simples história de amor proibido.
 
Tratou-se de uma travessia heróica, atendendo que para além das diminutas dimensões da embarcação, o seu equipamento reduzia-se a uma vela de carangueja, uma bússola e um crucifixo que, para alguns, terá sido o instrumento que os salvou ...
 
José Belchior nasceu em 1929 e Felismina Inês em 1932, encontrando-se ambos ainda hoje vivos para contar a sua história.
 
Os pais de José Belchior eram proprietários de uma mercearia na ilha da Culatra e do único barco da carreira que ligava a ilha a Olhão. Monopolizavam ainda todos os divertimentos da ilha, como o café, os matraquilhos, as sessões ocasionais de cinema, e até a televisão que, quando apareceu, deu primeiro entrada na venda do Faz - Gostos (alcunha do pai de Zé Belchior) onde a população pagava para ver.
 
O jovem Belchior tinha uma compleição física forte, com mais de 1,80 m de altura, e era um bom praticante de boxe e basquetebol no clube desportivo «Os Olhanenses».
 
O Zézinho (como lhe chamavam carinhosamente na Culatra) tinha um grupo de amigos - Eduardo Guerreiro e o Manel da Bateira - com os quais partilhava em segredo os seus sonhos, nomeadamente adquirir um barco que os levasse à Austrália. Alguns pormenores foram febrilmente combinados durante cerca de 3 anos: o percurso seria através do Mediterrâneo com a saída para o Indico, pelo Canal do Suez.
 
Tempo depois, dois franceses que na época viviam em Olhão, quiseram vender uma lancha com 6,5 metros de comprimento. Embora estas embarcações de pesca sejam geralmente abertas, neste caso os antigos proprietários tinham construído um pequeno convés, para lhe dar mais segurança. Belchior negoceia a sua compra.
 
O destino seria o Brasil e não a Austrália devido às dimensões do barco e ao facto de ainda não terem documentação legal.
 
 
 

 

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