sexta-feira, 19 de julho de 2013

Um Conto - Por José Geraldo Martinez - O livro de Ocimar

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Um Conto - Por José Geraldo Martinez - O livro de Ocimar
 
Lá estava ele, meu amigo Ocimar lançando um livro de auto-ajuda. Nos seus setenta anos de idade, muitos deles dedicados a educação.
 
Professor nível três, conhecido pela seriedade e dureza com as chamadas «turminhas do fundo» ( Aquelas no fundo da classe, normalmente organizando o churrasquinho ou a festinha na república das meninas). Ocimar não perdoava!
 
Os mais sortudos conseguiam ficar de recuperação, quando não, eram reprovados incondicionalmente! Conhecido pelo mal humor e não poderia ser diferente para um homem de setenta anos que na infância conheceu a palmatória, além de ser filho do senhor Donato, calabrês de poucos amigos !
 
Prestigiando o lançamento do tal livro de auto-ajuda de Ocimar e pensando na pergunta que ele havia me feito: - Martinez, você gosta de escrever, nunca pensou num livro de auto-ajuda? Cheguei a algumas conclusões: Eu deveria mesmo escrever um livro de auto-ajuda...Afinal, virou moda!
 
Além do que, tenho experiências terríveis de vida no meu meio século de existência: passadas de mão, quatro casamentos, idas e vindas... sociedades desarrumadas, negócios mal feitos, troca de igrejas e algumas tentativas de religião, adoção de filho, ajuntamentos, paixões tórridas, desilusões...
 
Mas, percebo que ainda me faltam alguns anos de experiência...Nos setenta anos a gente começa realmente a filosofar ou estou mentindo? Perdemos aos poucos a nossa condição física e começam falhar algumas coisas: audição, olfato, intestino, estômago, libido...
 
Chega a tal ponto que apenas o cérebro permanece em perfeito estado! E é ele que começa a comandar a nossa vida de certa forma ociosa, à sombra de grandes varandas e arbustos, no joguinho de baralho, nas pequenas caminhadas com os netos ou até a padaria. Hábito de anos a fio trazidos do velho pai.
 
 
 

 
 

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