domingo, 28 de julho de 2013

Do ofício de escrever - vaqueiro que tange luz de estrelas... - Por Se Gyn

 
Do ofício de escrever - vaqueiro que tange luz de estrelas... - Por Se Gyn
 
fagulhas
que iluminaram o xisto
pensando nisto
 
Dizendo do ofício de versejar, estabeleceu o moçambicano Mia Couto:
«O poeta não gosta de palavras:
escreve para se ver livre delas.»

Se a referência é no sentido de memórias, concordo com ele, porque um cinquentão como eu vai se enchendo delas, deambulando sem freio e sentido de um nado para o outro, na mente, como água na alforja.
 
Mas, quanto às palavras, enquanto signo de linguagem, objeto de expressão e comunicação e conteúdo e, não sei, objetos vivos, moldáveis e moldantes de vida em si...
 
...às vezes me enamoro delas. Fico dias e dias com uma ou outra na cabeça, explorando seu som, as possibilidades de seus sentidos e, especialmente, a sua própria forma - ou corpo, sem que escreva nada a respeito disso.

A partir dali, ela entra numa espécie de relicário, onde a memória cuida de depositar, carinhosamente. De um modo ou outro, fica criado uma espécie de arquivo que guarda todas aquelas coisas refletidas ou associadas, mas sem data, com elas...
 
 
 
 
 

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