PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO NOSSO CANTO DE IMPROVISO - Texto de José Francisco Colaço Guerreiro
Vou fazer uma breve retrospetiva , daquilo que foi o meu primeiro contacto com a viola campaniça e com os cantos do despique e do baldão.
Nos finais do ano de 1986, altura em que era capaz de jurar a pés juntos de que no panorama etno musical da região baixo-alentejana, nada mais já existia, com vitalidade digna de realce, do que o canto às vozes também conhecido por «cante» ou «moda» , tive conhecimento da existência , na Estação de Ourique , de um tocador e cantador que me disseram saber interpretar algo diferente daquilo que por cá se usava.
Foi assim que conheci, ouvindo cantar e tocar uma viola campaniça, o Sr. Francisco António.
Gravei , para divulgação na Rádio Castrense, uns quantos temas que pelo motivo da surpresa , pela autenticidade e pela excelência das peças, geraram em mim um enorme sentido de inquietação dada a responsabilidade que passava, a partir daquele momento, a ter entre mãos.
No mesmo dia, conheci também , na Funcheira, o Sr. Manuel Bento e a D. Perpétua que abrindo-me as portas, interpretaram mais meia dúzia de modas, deixando-me rendido e desde logo empenhado, na promoção e na salvaguarda daquilo a que o Dr. José Alberto Sardinha chamou, com grande propriedade, de «o outro Alentejo».
De facto, era e é, o outro Alentejo que à data, quase todos desconheciam e outros tantos tinham já esquecido.
No regresso a casa, gizei formas de podermos, na Cortiçol, dar algum alento a esta realidade que era, obviamente, uma preciosidade cultural.
A partir daí e até agora, pelo menos todas as quintas feiras, na Rádio Castrense ouve-se tocar a viola campaniça que através de parcerias e empenhos variados, voltou a ser construída entre nós e tocada por dedos jovens, deixando de ser um instrumento ignorado, descordoado e coberto de pó, só tocado, ocasionalmente, por dois ou três velhos mestres no isolamento de quatro paredes.
Leia este tema completo a partir de 29 de Julho carregando aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário