«Streep Tease» - Crónica de Carlos Funghi
Em meados de junho de 1974 estava eu em meu quarto, quando escutei meu velho gritar para minha mãe que na cozinha terminava o jantar: - Dina corre aqui, venha ver na TV! Você sabe o que é Streep Tease?
- Streep o que? - Veio a mãe perguntando e enxugando as mãos no velho avental.
– Streep Tease Dina, é o seguinte: A cidadã fica totalmente pelada no palco!
- Mas que pouca vergonha – vociferou a indignada mãe!
– Mas onde estão essas autoridades competentes? -
Ela sempre se exprimia assim quando ouvia e via algo fora da jurisdição do feudo do seu lar. Para ela tudo lá fora era da alçada das «autoridades competentes». E como as gerações passadas acreditavam piamente nas autoridades competentes...
Não que elas fossem competentes e tão pouco de autoridade traziam o bom exemplo, só a clava forte! Mas a sociedade era diminuta ainda, por consequência os crimes e falcatruas menores, o que criava a ilusão de sermos uma tribo mais justa e limpa, onde as «autoridades competentes» estavam ali, vinte e quatro horas a vigiar pela segurança e os bons costumes.
Ai saudosa mamãe, não queria que visses o que vejo agora. Quando éramos crianças e se alguma imagem fosse perpassar ante nossos olhos, você os tapava, assim era também quando punhas as mãos em nossos ouvidos para evitar o inconveniente.
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