Histórias que os pescadores contam, ou «a incrívi istória do Peixe Caipira» - Por Antônio Carlos Affonso dos Santos - Acas
Nem bem tinha crariado o dia, o Marigheti já tava de pé. Custumado co´as pescaria, passô parte da noite arrumano as tráia. Foi até o quarto e viu que a muié tava durmino que nem um anjo. Caçô uma panela pra mode fazê um móca, aperparô o moinho de café com uma medida bem cheia, prum café forte e foi virano a manivela devagarim. O chero do café moído na hora recendeu até no quarto.Tava ali intertido, quando iscuitô um chamado:
-Quê que tá fazeno, Marighetti?, gritô a muié, lá do quarto.
-Vô passá um móca pra nóis, respondeu ele.
-Num quero não. Vô ficá na cama mais um cadinho. Sua matula tá pronta no forno do fogão. Pega o emborná amarelo que é maior. Asso no dedo o pexe cocê pegá!, brincô ela.
-Credo muié, tá me agorano?
-Num tô não. Vai com as arma bendita!.
-Vê se dorme. Tô esperano o cumpadre Zé Matos. Ara, que aquele porquera nunca chega!.
O Marighetti então vai até o fumero do fogão de lenha e cata uma páia de mío pra mode fazê um pito. Escói a páia mais macia, arranca e corta as duas ponta cum canivete. Desdobra a páia e prende ela entre os dedos pai-de-todos e fura-bolo da mâo esquerda, enquanto cum a direita pega um tôco de fumo de corda.
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