Prosa Poética de Ilona Bastos - Fauna & Flora: SONHOS; MANSAMENTE
Lá em baixo, na calçada, junto à torre vizinha, era um tufo de belas folhas verdes, onde se escondia uma flor lilás. Uma campainha, certamente. E tão harmonioso era o conjunto que sorri, pensando: «Já ganhei o dia!».
O cão aproveitou para urinar em cima.
Mais adiante, há um pequeno jardim, em frente à antiga papelaria. Colocaram letreiros, para vender ou arrendar as instalações, mas não têm tido sucesso. Sem dúvida, por causa da crise.
No início, passando pelas largas vitrinas batidas pelo sol, sonhava edificar ali a minha obra. Acreditava que o espaço seria ideal para um ginásio – as bicicletas e outros aparelhos voltados para o jardim, os raios solares a colori-los de tons dourados.
Para completar o conjunto, haveria também um estabelecimento de café e venda de comida para fora. E, claro, uma livraria - tabacaria, onde poderia comprar-se boa literatura, blocos e lápis para escrever e desenhar. Mens sana in corpore sano.
Não sei porquê, o sonho esbateu-se e morreu. Passou a interessar-me somente o jardim, que o cão rodeia, cheirando minuciosamente o gradeamento. De quando em vez alça a perna ou agacha-se. E suspiro de alívio, conduzindo o animal até casa. Missão cumprida!
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