sexta-feira, 5 de julho de 2013

A Lenda dos Corvos de S. Vicente - Popular

A Lenda dos Corvos de S. Vicente - Popular 
 
Em tempos muito antigos, quando o rei Rodrigo perdeu a batalha de Guadalete e os Mouros ocuparam a Península Ibérica e ordenaram que todas as igrejas fossem convertidas em mesquitas muçulmanas, os cristãos de Valência, entre eles um deão (decano), quiseram pôr a salvo o corpo do mártir S. Vicente que estava guardado numa igreja. Com a intenção de chegarem às Astúrias por barco, fizeram-se ao mar levando consigo o corpo do santo.
 
Cruzaram o Mediterrâneo sem perigo, mas quando chegaram ao Atlântico o mar estava mais turbulento e foram forçados a aproximar-se da costa. Perguntaram então ao mestre da embarcação qual era aquela terra tão bela e aquele cabo que avistavam. O mestre respondeu-lhes que a terra se chamava Algarve e que o cabo se chamava promontório Sacro. Foi então que os cristãos de Valência consideraram a hipótese de desembarcar, construir um templo em memória de S. Vicente e dar o nome do santo ao cabo mais ocidental, junto ao promontório de Sagres.
 
Mas enquanto estavam nestas considerações, o barco encalhou, o que os forçou a passar ali a noite. Na manhã seguinte, quando se preparavam para retomar viagem, avistaram um navio pirata. O mestre da embarcação propôs-lhes afastar-se com o navio para evitar a abordagem dos corsários, enquanto os cristãos se escondiam na praia com a sua relíquia. Depois viria buscá-los. Mas o barco nunca mais voltou e os cristãos ficaram naquele lugar, construíram o templo em memória de S. Vicente e formaram uma pequena aldeia à sua volta, isolados naquele lugar ermo.
 
Entretanto, D. Afonso Henriques entrou em guerra com os mouros do Algarve e estes vingaram-se dos cristãos de S. Vicente, arrasando-lhes a aldeia e levando-os cativos. Passados cinquenta anos, um cavaleiro veio avisar D. Afonso Henriques que existiam cativos cristãos entre os prisioneiros feitos numa batalha contra os Mouros. Chamados à presença do rei, o deão, já muito velho, contou-lhe a sua história e confidenciou-lhe que tinham enterrado o corpo de S. Vicente num local secreto. Pediu ao rei que resgatasse o corpo do mártir para um local seguro.






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