sábado, 6 de julho de 2013

O longo Inverno - Conto por Arlete Piedade

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O longo Inverno - Conto por Arlete Piedade  
 
Era inverno e chovia há muitos dias. Já tinha passado o Natal e outro ano se tinha iniciado e não parava de chover. O mês de Janeiro estava quase no fim e desde o princípio de Dezembro que chovia sem parar.
 
Francelina era a mais velha das quatro irmãs que viviam naquela casa quase isolada no pequeno aglomerado de casas, longe da aldeia, no meio dos campos.
 
A norte era rodeado de pinhais e a sul, uma vasta campina atravessada de um ribeiro de água fresca e cristalina, estendia-se a perder de vista em direcção ás aldeias vizinhas.   Na margem do ribeiro, um velho moinho de água, moía incansável o trigo e o arroz, necessário á vida da aldeia e nos campos alagadiços, criava-se arroz, milho, e cultivavam-se hortas e vinhas.  
 
Todas as famílias, tinham o seu pedaço de terra na campina, mas os pais das quatro irmãs, tinham também outras propriedades na aldeia vizinha de onde o seu pai era natural. Mas eram terrenos cultivados com oliveiras herdadas de varias gerações.
 
Todos os anos no outono as irmãs iam apanhar as azeitonas para levar para o lagar e extrair o azeite dourado que era depois guardado nas talhas em barro durante o inverno longo.   Durante o verão, Francelina e as suas irmãs, Amélia, Laura e Gertrudes, iam trabalhar nos campos de cultivo intensivo perto da cidade, a mais de 30 kms de distância.
 
Estava-se em 1950, os tempos ainda eram de recuperação da grande guerra, e as irmãs deslocavam-se a pé acompanhadas do seu burro, que carregava as ferramentas de trabalho e os mantimentos necessários para a sua subsistência, bem como alguma roupa.   A sua mãe sempre doente, ficava em casa na companhia do marido que era pedreiro.
 
Mas naqueles tempos, as casas eram construídas de adobes, que eram grandes blocos feitos de terra prensada e seca dentro de moldes de madeira, e que eram retirados e colocados nos lugares, para fazer as paredes, transportados ás costas, pelos pedreiros e seus ajudantes.   Então a somar á doença da mãe, juntava-se o cansaço do pai, prematuramente envelhecido e sempre com dores nas costas.






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