Drive (2011) - Texto Recolhido em Cinema Pela Arte
Ryan Gosling, com sua irretocável economia de gestos, derrama sangue, muito sangue, sobre a elegância com a qual Nicolas Winding Refn desempenha a função de diretor. «Drive» é brilhante exceção.
Real human being, and a real hero
Certamente excelente que «Drive»(2011) do dinamarquês Nicolas Winding Refn não seja filme para espectadores triviais. Película de ação silenciosa e intimista, avessa ao paradigma do gênero, que resgata o homem da obliteração ao qual estava submetido nos ardis do cinema de puro entretenimento.
O humano com suas artérias e sentimentos em detrimento da máquina, opressivamente tecnológica. Ryan Gosling interpreta o personagem que nos faz refletir, verdadeiro virtuoso na direção de automóveis.
A opção pelo pragmatismo no que concerne à constituição do personagem é algo que perdurará durante toda projeção, «The Driver» é a designação que constrói uma identidade desprovida de complexidade e substitui um nome carregado de experiências passadas.
Ao desempenhar a função de dublê em filmes de ação, uma ironia interessante, o motorista dissimula seu rosto ao utilizar uma máscara de borracha, símbolo máximo do mistério que tem como objetivo a simplicidade psicológica.
Logo no começo do filme descobrimos que o habilidoso motorista também age em operações ilícitas ― pelo telefone ele expões suas regras ao criminoso, ele apenas dirige e durante a pilhagem está disponível por apenas cinco minutos. Fleumático a todo o momento, ele desliza magistralmente por sobre as ruas californianas enquanto a lei o acossa, por céu e por terra. O protagonista sem nome angaria a admiração dos espectadores quase que imediatamente.
«Drive» foi laureado na 64ª edição do festival de Cannes cujo júri era presidido por Robert De Niro. De fato, existe muito do imperecível Travis Bickle de «Taxi Driver» (1976) no personagem de Gosling. Ambos percorrem as ruas com as mãos no volante, lacônicos e isolados, incompatíveis com a sociedade.
Sem comentários:
Enviar um comentário