Companheiros de ninguém (COMPANIONS TO NONE) - Recolha e composição de Daniel Teixeira
Este texto / tema foi publicado num dos nossos primeiros números do Jornal Raizonline em 2008. Na altura, a saída do documentário era recente e o reconhecimento internacional do mesmo tinha ainda sido fraco. Aliás e textualmente na altura foi dito o seguinte:
«O filme de Bill Buchanan, não foi aceite em nenhum festival de renome mas foi apresentado no Festival de Cinema Artivist no Fórum Lisboa e FNAC Chiado, de 4 a 7 de Dezembro, Lisboa, naquele que é o 1º FESTIVAL DE CINEMA DEDICADO AOS DIREITOS HUMANOS, DOS ANIMAIS, DA CRIANÇA E PRESERVAÇÃO DO AMBIENTE nos dias 6 e 7 de Dezembro de 2009 em quatro Sessões.»
As coisas seguiram um caminho diferente nestes quatro / cinco anos e hoje pode dizer-se que foi considerado um documentário de sucesso obtendo o seguinte Palmarés: WINNER (Vencedor) - Best Feature Film - Animal Advocacy - Artivist Film Festival - Hollywood; WINNER - Humanitarian Award - Lone Star International Film Festival - Fort Worth, Texas, EUA. OFFICIAL SELECTION (selecção oficial) na categoria International Rights Protection - Film Festival «STEPS» - Ukraine OFFICIAL SELECTION - Breckenridge Festival of Film - Breckenridge, Colorado, EUA. OFFICIAL SELECTION - CineFestival en San Antonio - San Antonio - Texas-EUA. OFFICIAL SELECTION - Charlotte Film Festival - Charlotte, North Carolina, EUA. OFFICIAL SELECTION - Dallas Vídeo Festival - Dallas, Texas, EUA. Se é bom que a qualidade e tema do documentário tenham obtido consagração, poderá um dia e talvez já hoje dizer-se que a temática que ele foca tende a esvair-se na imensidão dos documentários que os produtores e realizadores independentes e a indústria cinematográfica vão produzindo.
O documentário é duro, as «soluções» encontradas podem não ser consideradas por muitos (como eu) boas e nem mesmo razoáveis nem mesmo humanamente aceitáveis mas ficará sempre a pergunta de se saber como resolver os problemas de uma sociedade global que faz nascer mais animais do que aqueles que pode cuidar. E é sobre esta perspectiva que eu gostaria aqui de fazer alguma reflexão: castrar, eutanasiar (ainda que de forma dita humana), electrocutar, abater sumariamente o excedente de animais de uma ou de várias espécies que as sociedades vão produzindo é uma solução?
Claro que também sabemos que de outra forma se coloca o problema inverso, que é referido no documentário e no texto, por exemplo, que é o facto de haver bairros ou cidades que têm, neste caso, mais cães que pessoas. Pessoalmente e pensando não só nos animais mas também nos homens que de alguma forma se vão desumanizando e dando um valor cada vez menor à vida através da prática da morte, seja ela directa (nas suas diversas formas) seja ela indirecta através da castração de animais, podemos sempre perguntar-nos, ainda que em voz baixa, por enquanto, se um dia não seremos nós, seres humanos, como a realidade o demonstra no dia a dia, as vitimas das mesmas «receitas» que agora aplicamos aos animais.
E essa perspectiva, essa filosofia, num mundo que cada vez atinge uma maior número e uma maior concentração populacional não me parece francamente um bom augúrio. Fim da nota de Daniel Teixeira
COMPANIONS TO NONE é um filme dirigido e produzido por Bill Buchanan que examina o trágico problema da sobrepopulação de animais domésticos no México, e faz um duro retrato sobre a crueldade e sofrimento resultantes da insuficiência e da quase inexistência de estruturas governamentais e de programas direccionados para a resolução do problema dos animais abandonados neste país. Estão estimados cerca de 33,000 cães vadios somente nas ruas de Monterrey (1 milhão de habitantes).
Um veterinário mexicano diz no filme :«Há algumas zonas no México onde o número de cães é superior ao dos humanos. São mesmo muitos cães.» Em todas as regiões do México, há um número astronómico de animais vadios a vaguear pelas ruas. Outro veterinário mexicano diz no filme: «Um pouco de ignorância vai muito longe. Não quero insultar ninguém. Mas ter gatinhos ou cachorrinhos em casa só para experimentar o milagre da vida não está correcto. Não há nenhum milagre de vida se vão acabar num abrigo para morrer.» Este filme revela claramente essa tragédia.
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