domingo, 7 de julho de 2013

Portugal e os portugueses - SOBRE O DIA DE PORTUGAL, DE CAMOES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS - Recolhido em «Livres Pensantes»


Portugal e os portugueses - SOBRE O DIA DE PORTUGAL, DE CAMOES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS - Recolhido em «Livres Pensantes»
 
Pela excepcional e premente actualidade que encerram, transcrevem-se excertos do Discurso de António Barreto proferido no dia 10 de Junho de 2009, em Santarém.
 
(...) As comemorações nacionais têm a frequente tentação de sublinhar ou inventar o excepcional. O carácter único de um povo. A sua glória.
 
Mas todos sentimos, hoje, os limites dessa receita nacionalista. Na verdade, comemorar Portugal e festejar os Portugueses pode ser acto de lucidez e consciência. No nosso passado, personificado em Camões, o que mais impressiona é a desproporção entre o povo e os feitos, entre a dimensão e a obra.
 
Assim como esta extraordinária capacidade de resistir, base da «persistência da nacionalidade», como disse Orlando Ribeiro. Mas que isso não apague ou esbata o resto. Festejar Camões não é partilhar o sentido épico que ele soube dar à sua obra maior, mas é perceber o homem, a sua liberdade e a sua criatividade. Como também é perceber o que fizemos de bem e o que fizemos de mal.
 
Descobrimos mundos, mas fizemos a guerra, por vezes injusta. Civilizámos, mas também colonizámos sem humanidade. Soubemos encontrar a liberdade, mas perdemos anos com guerras e ditaduras.  
 
Fizemos a democracia, mas não somos capazes de organizar a justiça. Alargámos a educação, mas ainda não soubemos dar uma boa instrução. Fizemos bem e mal. Soubemos abandonar a mitologia absurda do país excepcional, único, a fim de nos transformarmos num país como os outros. Mas que é o nosso. Por isso, temos de nos ocupar dele. Para que não sejam outros a fazê-lo.






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