Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações LIII - Por Daniel Teixeira - As ruínas do meu passado
Como tenho dito bastas vezes tenho as melhores recordações dos meus tempos passados em Alcaria Alta. Ainda não fiz o balanço total das minhas melhores recordações mas estou certo que quando isso acontecer, Alcaria Alta vai aparecer num dos lugares cimeiros, e isto por várias razões que se interligam com todos os tempos da minha vida.
Uma parte substancial senão toda a minha memória até uma dada altura da minha vida teve como ponto âncora o Monte de Alcaria Alta, nomeadamente no que se refere a relacionamentos noutros locais, por vezes bem distantes, onde o conceito de família alargada conseguiu viver por muitos anos e era interessante, pelo menos, para não dizer quase comovente, que essa forma de trato se mantivesse por vezes em situações que à priori deveriam estar já dessas memórias esquecidas ou para elas pouco viradas dada a tal coisa que chamo de contaminação urbana.
Nem sempre era bom, ter esse tipo de proximidade, sobretudo quando se faziam as asneiras, mas no plano global não me importo hoje nada que os meus país em Faro soubessem em dois dias aquilo que eu tinha feito ou que estava a fazer a trezentos ou a 2 mil quilómetros de distância. Não porque fossem coisas extremamente criticáveis, mas porque não «entravam» na sequência lógica dos comportamentos que seriam expectáveis e que nalguns casos prenunciavam razões de preocupação muitas vezes apenas pela sua estranheza.
Este é um factor que pode não interessar a muita gente e até alguns estarão provavelmente esquecidos de que as coisas se passavam assim, mas temos de convir que estar de cama, nem que fosse com uma gripe, a dois mil quilómetros de distância não é o mesmo que ter essa tal de gripe ali ao lado isto quando somos jovens e quando em princípio ainda não estamos em condições de tomar bem conta de nós, apesar de já termos atravessado por vezes indemnes situações bem mais complicadas.
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