Os ratos do campo - Texto de Leocardo publicado no Blogue Bairro do Oriente
Todos conhecemos mais ou menos bem a maioria daqueles contos infantis que passam de geração em geração sem que o tempo torne a sua moral obsoleta.
Entre os que considero mais interessantes está o do «Rato do campo e rato da cidade», que não sendo um dos mais populares, quase todos conhecemos pelo menos o essencial. Um conto simples que ilustra as diferenças entre os modos de vida rural e o cosmopolita, e da dificuldade dos nativos de cada um deles em adaptar-se ao outro, que consideram «hostil» à sua natureza, contrário à sua matriz.
Transportando esta fábula para a realidade local, fico a pensar: seremos ratos do campo, ou da cidade? Macau e as suas gentes não são o que se pode incluir na definição generalista de «cosmopolita».
Para os residentes do território aqui nascidos e educados que não viajam com frequência, ficam meio atrapalhados quando vão a Hong Kong, uma cidade maior que Macau em tudo menos receitas derivadas dos impostos sobre o jogo.
Quem passa uma semana de férias noutra das principais cidades asiáticas fica perplexo com o movimento, com o vaivém de pessoas, com os transportes lotados, os restaurantes cheios à hora de almoço, a agitação do centro de negócios ou da baixa comercial, e tudo decorrendo com a normalidade com que o dia dá lugar à noite, com a precisão do mecanismo de um relógio.
Fica-se com a noção de «hora de ponta», e dependendo da cidade em questão, de como se comportar durante esse período do dia. Se por «hora de ponta» entendemos trânsito caótico e multidões aos empurrões no passeio, então em Macau temos «hora de ponta» praticamente todo o dia de segunda-feira a Domingo.
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